Anistia acusa soldados etíopes de atrocidade na Somália

A Anistia Internacional (AI) acusa soldados etíopes de atrocidades como degolar e arrancar os olhos de civis e de cometerem estupros em grupo na Somália. A Etiópia enviou um contingente militar para ajudar o governo patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no país vizinho. Em um relatório divulgado nesta terça-feira (06), o grupo de defesa dos direitos humanos pediu à comunidade internacional que detenha esses atos. De acordo com o documento da AI, todas as partes em conflito estão cometendo crimes de guerra e possivelmente de lesa humanidade, mas ninguém tem sido responsabilizado por eles.

O governo etíope respondeu à denuncia da Anistia Internacional qualificando o teor do relatório como "desequilibrado e totalmente errado". O frágil governo de transição somali convidou tropas etíopes a entrarem em seu território no fim de 2006 para ajudar a combater um levante protagonizado por rebeldes islâmicos. Além da insurgência, a Somália já vinha sendo devastada por anos de violência entre milícias rivais mantidos por senhores da guerra locais.

A AI denunciou dezenas de casos nos quais testemunhas somalis disseram ter visto soldados etíopes "matando civis como bodes". Em um caso descrito no relatório, "a garganta de uma criança foi cortada por soldados etíopes na frente da mãe dela". Essas vítimas normalmente são deixadas para morrer na rua, deitadas sobre poças de sangue até que os combatentes saiam e permitam que os corpos sejam recuperados.

"Isso é totalmente infundado", alegou o ministro etíope da Informação, Bernahu Hailu, em entrevista à Associated Press em Adis-Abeba. "Normalmente, quando saem esses relatórios, eles não são equilibrados. Eles têm de ir lá ver a realidade por eles mesmos. Eles não podem divulgar isso do exterior dizendo que está acontecendo." Ainda de acordo com o documento divulgado pela Anistia, mais de 6.000 civis morreram e mais de 600.000 pessoas foram obrigadas a abandonar a capital somali no ano passado. Muitos corpos estão sendo sepultados nos jardins das escolas porque não é seguro chegar ao cemitério, diz ainda o relatório.

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