Angela Merkel é alvo de protesto em Atenas, na Grécia

Cerca de 30 mil gregos participaram de uma manifestação convocada nesta terça-feira contra a visita da chanceler alemã Angela Merkel e as medidas de austeridade que os sócios europeus exigem ao governo do conservador Antonis Samaras em troca de mais ajuda financeira, informaram fontes policiais.

Os principais sindicatos do país, GSEE e ADEDY, pediram presença maciça nesta manifestação e a participação em uma greve de três horas, apesar de a polícia ter fechado a maioria de acessos ao centro e restringido o direito de reunião em numerosas avenidas por razões de segurança.

Mais de seis mil agentes custodiam o centro da capital, e apesar dessas medidas de segurança “sem precedentes”, segundo definiu a imprensa grega, os manifestantes tomara a simbólica Praça Syntagma em frente ao Parlamento grego em um ambiente festivo, embora muitos não tenham escondido sua raiva pela situação atual do país.

Muitos levavam cartazes com duras mensagens contra a chanceler alemã como: “A presença de Merkel é uma provocação ao povo” e “Fora Merkel, Abaixo a troika” (grupo formado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional).

“Merkel tem que entender que os gregos, assim como os espanhóis e os portugueses, têm o direito de viver”, se queixou em declarações à Agência Efe o pequeno empresário Grigoris Malamis, que participou do protesto junto com sua mulher.

“Os impostos e os preços aumentaram. O povo já não tem dinheiro e a situação é muito ruim, pois ninguém compra. E acho que irá piorar”, acrescentou.
Um grupo de manifestantes ateou fogo em uma bandeira alemã, mas até agora não foram registrados incidentes graves.

No entanto, a polícia utilizou gás lacrimogêneo para reprimir um grupo de empregados de hospital que pretendiam bloquear uma das avenidas pelas quais deveria passar a comitiva de Merkel.

Segundo o canal estatal “NET”, os agentes também retiveram 40 pessoas para realizar controles preventivos.

“Os gregos não se transformarão em um títere desta crise”, alertou Alexis Tsipras, líder do principal partido da oposição, a esquerda radical do Syriza, em sua chegada à manifestação junto com o presidente do partido alemão “Die Linke” (A Esquerda), Bernd Riexinger.

“Merkel vem a Atenas para ver a seus súditos. Se quisesse saber o que acontece realmente no país se reuniria com os representantes da sociedade civil. Só veio dar ordens”, denunciou à Efe o deputado do Syriza, Manolis Glezos.