Amorim defenderá biocombustíveis na reunião de Bali

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou os países desenvolvidos por pressionarem pela discussão sobre o comércio de bens ambientais na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas, ao mesmo tempo, pretenderem excluir os biocombustíveis desse debate. A questão do comércio de bens ambientais deverá ser debatida em uma reunião ministerial que se dará às margens da Conferência sobre a Mudança do Clima, em Bali, na Indonésia, nos próximos dias 8 e 9. "O Brasil não pode estar ausente desses debates. Não faz sentido discutir medidas para a redução dos fatores que geram o aquecimento global e não discutir as barreiras e os subsídios aplicados pelos países ricos ao etanol", declarou o chanceler, no Itamaraty.

"É preciso saber com que voz os países ricos falam na OMC e em Bali. Às vezes, não parecem os mesmos países", completou.

Amorim embarca hoje para Bali, onde deverá liderar a delegação brasileira ao lado dos ministros Sérgio Rezende, da Ciência e Tecnologia, e Marina Silva, do Meio Ambiente. O chanceler não acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas viagens a Buenos Aires, Caracas e La Paz, a partir deste final de semana. A ordem para que comandasse as negociações em Bali partiram do próprio presidente Lula, na terça.

Para Amorim, a proposta das economias mais ricas de introduzir na conferência a questão do comércio de bens ambientais reflete apenas seu interesse na venda de suas tecnologias mesmo que a preços mais baratos. Esse objetivo torna-se explícito, na opinião do chanceler, ao se avaliar a decisão desses países de excluir os biocombustíveis dos debates e também outras iniciativas, como o contencioso aberto pela União Européia na OMC para eliminar a barreira brasileira à importação de pneus usados.

"A presença do Brasil nesses debates torna-se ainda mais fundamental quando se vêem esses defensores do meio ambiente valerem-se de práticas incompatíveis com a preservação do próprio meio ambiente", atacou. "Aí, se vêem uma face de bom-moço e a outra face, protecionista.

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