Revolta

Amorim acredita em xenofobia no ataque à brasileira na Suíça

O governo brasileiro acredita em motivações xenofóbicas para o ataque à brasileira Paula Oliveira, agredida na última segunda-feira (8), em Zurique, por supostos neonazistas. Se as investigações das autoridades suíças confirmarem a tese, o Brasil poderá denunciar o caso à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

“Não podemos fazer nenhum pré-julgamento, mas há uma aparência evidente de xenofobia, o que é uma coisa preocupante”, afirmou nesta quinta-feira (12) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Na avaliação do ministro, o fato de não ter havido roubo ou estupro indica que as agressões – que resultaram na perda dos dois bebês que Paola estava esperando – devem ter sido motivadas por preconceito.

A preocupação brasileira foi manifestada pelo chefe do Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior, Eduardo Gradilone, ao encarregado de negócios da Suíça no Brasil, Claude Crottaz, em reunião hoje. “Enfatizamos a importância de que um caso que tem uma aparência de xenofobia muito forte seja investigado como deve ser, não só em atenção à pessoa que foi agredida, mas também pelas boas relações entre o Brasil e a Suíça”, afirmou Amorim.

Segundo o chanceler, a Embaixada do Brasil em Berna já foi mobilizada para fazer o mesmo tipo de representação junto ao governo suíço. Hoje, a consul-geral do Brasil em Zurique, Vitoria Cleaver, esteve com autoridades policiais suíças e pediu transparência para que o governo possa acompanhar as investigações.

“Evidente que é um caso chocante. Tomamos as medidas que devíamos tomar junto ao governo suíço das várias formas que podíamos tomar, tanto diretamente junto às autoridades policiais de Zurique quanto em relação à chancelaria em Berna e à Embaixada da Suíça no Brasil, e estamos aguardando os desdobramentos disso”, disse Amorim.

De acordo com o ministro, a postura brasileira, após a conclusão das investigações, dependerá do que for feito pelas autoridades suíças em relação ao caso e aos agressores.

“Não adianta aventar hipótese agora porque não sei qual a direção que as investigações vão tomar. É preciso que as autoridades suíças façam a investigação. Temos confiança de que farão, temos confiança de que manterão a transparência e temos confiança de que haverá punição adequada porque creio que a Suíça não tem interesse em manter uma imagem negativa”, afirmou o chanceler brasileiro, lembrando que no último dia 7 a população suíça disse sim, em referendo, a um acordo que garante livre acesso dos trabalhadores da União Européia ao mercado do país.

A hipótese de xenofobia daria, ao Brasil, direito de denunciar o caso junto à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Caberia ao órgão investigar e exigir que o governo suíço adote medidas severas para evitar esse tipo de conduta.

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