Acusado do 11 de Setembro sofreu pressão, diz defesa

Militares norte-americanos responsáveis pela defesa de detentos em Guantánamo disseram que investigarão o motivo de cinco homens acusados de envolvimento nos atentados de 11 de Setembro conseguirem conversar durante a sessão de denúncia. Um deles teria sido pressionado pelos colegas a rejeitar os advogados de defesa. Todos os cinco declararam que fariam a própria defesa durante o julgamento, em que podem ser condenados à pena de morte. Essa é a primeira tentativa dos Estados Unidos de processar os supostos responsáveis pelas 2.973 mortes no pior atentado terrorista em território dos EUA, ocorrido no dia 11 de setembro de 2001.

Nenhum dos réus levantou objeções durante a sessão e dois deles disseram que gostariam de tornar-se mártires da causa antiamericana. Entre eles estava Khalid Sheik Mohammed, acusado de ser o mentor intelectual dos ataques. Advogados de Mustafa Ahmad al-Hawsawi reclamaram que Mohammed pressionou o colega para que ele dispensasse os advogados. "Estava claro que o sr. Mohammed queria intimidar o sr. Hawsawi", disse o major do Exército Jon Jackson, principal advogado militar. "Ele (Hawsawi) estava tremendo." Jackson reclamou após um intérprete notar uma conversa entre os réus. Um deles teria perguntado a Hawsawi: "Então, você está no Exército agora?

Hawsawi é acusado de cooperar com os atentados ao fornecer dinheiro e roupas aos terroristas. Ele estava pálido e parecia fraco no tribunal – os outros acusados aparentavam boa saúde. O chefe do conselho de defesa militar, coronel Stephen David, disse que o fato de os réus poderem conversar no primeiro encontro deles em anos era uma má notícia. "Nós teremos de investigar", disse. O coronel do Exército Lawrence Morris, procurador-chefe, disse que sua equipe não era responsável por controlar os réus. Morris confirmou apenas que "o governo está tão preocupado quanto a defesa" com o incidente.

A sessão de ontem do tribunal realizada na Baía de Guantánamo, em Cuba, foi a primeira aparição de Mohammad desde sua prisão no Paquistão, em 2003. O suposto mentor do 11 de Setembro afirmou que só obedece à Sharia (lei islâmica) e gostaria de ser executado. "É isso que eu quero, ser um mártir por muito tempo", disse. "Eu, se Deus quiser, terei isso de vocês.

A defesa alegou inicialmente que havia um desejo dos militares de apressarem o julgamento para que a condenação ocorra antes de 4 de novembro, dia das eleições presidenciais nos EUA. O tribunal também pode ser "atrapalhado" pela Suprema Corte, que julga este mês um processo sobre os direitos dos detentos de Guantánamo. Os candidatos presidenciais, Barack Obama (democrata) e John McCain (republicano), já se posicionaram a favor do fechamento da prisão na base norte-americana em solo cubano. Mas enquanto McCain apóia a Lei de Comissões Militares, que ressuscitou esses tribunais em 2006, Obama é contrário à medida.

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