Mulheres encontram dificuldades no mercado de trabalho

Há seis anos sem emprego com carteira assinada, Maria Cosmo Siqueira Camargo, de 45 anos, procura trabalho de zeladora, sem deixar de cuidar dos trabalhos domésticos, da filha de seis anos e de auxiliar os pais idosos que moram no mesmo terreno. ?Estou vivendo com R$ 100 que recebo de pensão do ex-marido e R$ 80 do Bolsa-Família. Graças a Deus isso tem me ajudado muito, mas a gente não sabe se será para sempre ou se vai acabar numa hora. Por isso preciso do emprego para dar o melhor para a minha filha?, previne-se ela.

Dona Maria Cosmo é uma das dezenas de mulheres que procuraram a Agência do Trabalhador nessa sexta-feira (6), no último dia da programação especial sobre a Semana do Trabalho, dedicado à mulher no mercado do trabalho. Não houve uma palestra específica, mas foram exibidos dois filmes pelo circuito interno de televisão: ?Mulher: dupla jornada de trabalho?, e ?Memórias de mulheres?.

A maior barreira enfrentada por Maria Cosmo em busca de emprego é a qualificação. ?Falta estudo, fazer algum curso. Não tive essa oportunidade. Sei ler mais ou menos, não sei escrever muito bem, mas sei trabalhar. Se fizer algum exame médico, também reprovo por ter um problema de audição?, reclama. Outra dificuldade para ela arrumar trabalho é a idade. ?Hoje em dia quem passa dos 45 anos está velho demais?, lamenta Maria.

A idade também tem sido o maior problema de outra dona-de-casa que procura emprego de doméstica há dois meses: Maria Aparecida Rocha, de 50 anos. ?Eles querem sempre gente mais nova. Às vezes encontro serviço, mas é para dormir no emprego. Eu gosto de dormir na minha casa, onde também tenho trabalho?, recusa Aparecida, que mora com o irmão e cuida de três sobrinhos.

O negro, o idoso e a pessoa com deficiência foram outros temas da programação especial na Semana do Trabalho, na Agência Central do Trabalhador, em Curitiba, com a exibição de filmes e palestras afins. Embora o mercado de trabalho esteja cada vez mais aberto para as mulheres, elas ainda enfrentam alguns tipos de discriminação, como os salários mais baixos, segundo revela uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). ?Para as mesmas funções, invariavelmente elas ganham menos que os homens?, exemplifica Elaine Ribeiro Anderle, gerente da Agência do Trabalhador, de Curitiba.

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