MST relembra com ato ecumênico e manifestações massacre em Carajás

Lembrança, tristeza e luta por justiça. Assim será marcado o dia para os familiares dos 19 mortos e dos 69 feridos no Massacre de Eldorado dos Carajás (PA). Os dez anos da tragédia serão lembrados hoje (17) com um ato ecumênico na Curva do "S", trecho da rodovia estadual PA-150 que liga Belém ao sul do Pará, onde o massacre ocorreu.

Cerca de 200 jovens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão acampados na rodovia. Durante todo o dia, ocorrem manifestações em memória das vítimas e em busca de Justiça.

"A gente vai celebrar a resistência dos trabalhadores, dos sobreviventes de Eldorado dos Carajás e de tantos outros trabalhadores que não se intimidaram e continuam lutando pela vida", contou a coordenadora do MST no Pará, Maria Raimunda César.

Segundo ela, o conflito começou quando a Polícia Militar tentou retirar da rodovia os 1,5 mil sem-terra que protestavam na estrada contra a demora na demarcação de terras.

"O 17 de abril foi um dia onde os latifundiários, numa aliança com o governo do estado e com o comando da Polícia Militar, fizeram o maior massacre de trabalhadores rurais no estado do Pará. A violência continua e nós temos o dever de denunciar a impunidade e o assassinato de trabalhadores no Pará e no Brasil como um todo."

Uma década depois do massacre, os comandantes dos pelotões da polícia que encurralaram os manifestantes aguardam o julgamento de recurso em liberdade. O coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram condenados a 228 anos e 158 anos de prisão, respectivamente. Os 142 policiais que participaram da ação e o capitão Raimundo Almendra Limeira foram inocentados das acusações.

A coordenadora do MST no Pará lembrou que o Ministério Público do Pará não indiciou o então governador do estado, Almir Gabriel, e o então secretário de Segurança, Paulo Sete Câmera. Ela responsabilizou os dois pelos crimes.

"Esse massacre foi uma articulação entre fazendeiros, o comando da Polícia Militar e o governo do estado do Pará. O Paulo Sete Câmara e, na época, o governador Almir Gabriel nem sequer foram indiciados no processo. Eles são os responsáveis pelo massacre do Eldorado dos Carajás", disse.

Gabriel foi acusado pelos policiais de ter ordenado ao secretário a desobstrução da estrada "a qualquer custo". Câmara teria repassado a orientação ao capitão Raimundo Almendra Limeira capitão e aos dois comandantes da operação.

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