MST promete resistir a reintegração de posse em Mato Grosso do Sul

Pelo menos a metade das 1.057 famílias de sem-terra que ocupam a Fazenda Teijin, em Nova Andradina, Mato Grosso do Sul, está disposta a resistir à ordem de despejo determinada pela Justiça Federal e continuar com o protesto iniciado segunda-feira desta semana.

Elas mantêm reféns 28 funcionários do Grupo Agropecuário Teijin, proprietários do local e deixaram sem água e alimentação 10 mil bois. Também bloquearam a entrada e saída de pessoas e veículos, sustentando a palavra de ordem de "aqui ninguém entra ou sai".

Segundo garantiram os líderes dos invasores, até hoje não houve notificação sobre a decisão do juiz federal de Dourados, Jairo da Silva Pinto, determinando a desocupação imediata da propriedade e a reintegração de posse, desde o último dia 13.

São grupos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) que estavam acampados nas margens da BR-267 e há dois meses, apoiados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), invadiram o imóvel que possui área de 28.500 hectares.

"É absurda a decisão da Justiça Federal", segundo nota divulgada pelo MST, acrescentando que existem famílias aguardando assentamento no local há mais de dez anos.

O advogado da fazenda, Diamantino Silva Filho, afirma lamentar a situação dos sem-terra. "Eles foram enganados pelo superintendente do Incra, Luiz Carlos Bonelli. Está tecnicamente provado que o lugar não serve para assentamento de sem-terra. A terra é muito ruim. Não dá para 200 famílias viverem dignamente ali e muito menos para as 1.057 selecionadas pelo Incra.

Uso político – Ele adiantou que amanhã solicitará força policial para o cumprimento do mandado judicial e já na próxima segunda-feira iniciará o levantamento do valor dos prejuízos causados pela invasão, para o devido ressarcimento.

"Queremos receber até o último centavo do Incra. Tivemos informações seguras sobre as condições impostas pelos invasores às 10 mil cabeças de bovinos que a empresa tem na fazenda. Os animais já apresentam sinais de debilidade, estão emagrecendo rapidamente sem água e alimentação. Provavelmente entrarão no rol dos prejuízos.

Perguntado sobre o motivo da insistência do Incra em manter a área como futuro assentamento de sem-terra, o advogado afirmou que o superintendente do instituto tinha intenções políticas. "(Bonelli) estava criando currais eleitoreiros às custas do Incra. Ele, o Bonelli, contou-me que seria candidato a deputado estadual, caso o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, saísse candidato ao Senado, o que não aconteceu", disse o advogado.

"Caso o Zeca assumisse a candidatura, Bonelli teria um bom número de votos das mais de 11 mil famílias de sem-terra que acomodou e assentou nas áreas compradas e desapropriadas pelo órgão, durante o seu mandato frente ao Incra de Mato Grosso do Sul.

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