MST promete apoio a Lula por “falta de opção”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá receber os votos da maior parte dos militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) nas eleições de outubro, mas, segundo Marina dos Santos, da coordenação nacional do movimento, o apoio ao petista não se dará com a mesma empolgação vista em eleições anteriores. "A maioria votará em Lula, mas será um voto crítico", disse a coordenadora. Ela salientou que muitos votarão em Lula "por falta de opção". Mesmo assim, disse que o presidente não é uma unanimidade no movimento. "Alguns militantes votarão em outros candidatos", disse Marina, após participar de ato do Grito dos Excluídos em Brasília, realizado paralelamente ao desfile cívico oficial.

A avaliação dentro do MST, segundo Marina, é de que o desempenho do governo Lula na questão da reforma agrária foi "decepcionante". "Nós achávamos que, com a vitória de Lula (em 2002), avançaríamos muito mais na reforma agrária", disse.

O MST foi um dos movimentos sociais que participaram do Grito dos Excluídos em Brasília, juntamente com organizações como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Pastoral da Juventude Rural. O grupo de manifestantes, que reuniu cerca de mil pessoas, segundo os organizadores (500, na avaliação da Polícia Militar), concentrou-se em frente à Catedral de Brasília e percorreu a Esplanada dos Ministérios depois que foi encerrado o evento oficial.

Além das críticas gerais à política econômica, uma das pautas de reivindicação dos movimentos foi a redução do valor da conta de luz, principalmente dos consumidores de baixa renda. Assim como aconteceu em anos anteriores, as mulheres de militares também marcaram sua posição no desfile de ontem. Em protesto pelo aumento do salário dos maridos e contra a corrupção, elas exibiram das arquibancadas ambulâncias feitas de papelão, em referência ao escândalos dos sanguessugas.

Mas, fora dos movimentos organizados, o clima geral do público que foi assistir ontem ao desfile oficial era de pouco engajamento político. Apenas alguns poucos militantes do PT, do PSDB, e de candidatos locais de Brasília percorriam a Esplanada empunhando bandeiras ou distribuindo santinhos.

O funcionário público Francisco Andrade, por exemplo, mandou fazer, por conta própria, uma faixa em prol da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência. "Eu defendo que as pessoas reflitam sobre esse governo, sobre os casos de corrupção", disse. Já o estudante André Juscelino, que caminhava pela Esplanada com uma bandeira do PT, disse que todos os partidos têm pessoas corruptas, "mas o PT ainda é o partido que menos tem corruptos".

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