Morre aos 80 anos, a atriz paranaense Lala Schneider

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Lala: ícone do teatro do Paraná.

Faleceu na manhã desta quarta-feira (28), em Curitiba, a atriz paranaense Lala Schneider, de 80 anos. A atriz de teatro, televisão e cinema, diretora e professora de interpretação, estava em sua residência, dormindo, quando veio a falecer. Segundo declarações de parentes, Lala estava bem de saúde.

O velório está marcado para a sala de exposições do Teatro Guaíra. Ainda não se sabe o que ocasionou o óbito da atriz, mas especula-se que ela tenha tido um ataque do coração. O corpo será velado no Salão de Exposições do Teatro Guaíra e o enterro será amanhã, quinta-feira, pela manhã, no Cemitério do Boqueirão.

O presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Paulino Viapiana, lamentou a morte da atriz. ?Foi uma perda muito grande para a cultura paranaense devido à importância e o carisma que ela possuía. Estamos todos muito tristes?, disse o presidente. Para o diretor de Ação Cultural, Beto Lanza, Lala foi uma das personalidades mais queridas e ilustres do teatro. ?Não há como deixar de fazer uma declaração emocionada neste momento, pois sofremos uma perda incapaz de ser mensurada. Lala era uma pessoa generosa, afetuosa e impecável profissionalmente, um dos nomes que mais fizeram pelo teatro paranaense. Seu trabalho em favor da arte teatral era contínuo, pois além de atuar também ministrava aulas e estava sempre disposta a partilhar conhecimentos?, afirmou Beto, que também é ator e diretor de teatro.

Lala Schneider, uma das maiores expressões do teatro no Paraná, com uma carreira marcante iniciada em 1950, nasceu em Curitiba, em 23 de abril de 1926.

Uma das grandes atrizes paranaenses, elogiada por seu desempenho em mais de 80 espetáculos teatrais e atuação em nove filmes e oito novelas, Lala Schneider acumulou, ao longo de sua carreira, iniciada em 1950 ao lado de Ari Fontoura, 16 prêmios máximos na sua categoria. São memoráveis as interpretações em ?Entre quatro paredes?, de Sartre, dirigida por Armando Maranhão, e ?Antes do Café?, de Eugéne O?Neill, dirigida por Eddy Franciosi, encenadas em 1959 e que deram projeção nacional ao trabalho da atriz. Sobre ?Antes do Café?, uma curiosidade: Lala foi a primeira atriz a dizer um palavrão em cena. Com o espetáculo ?Entre quatro paredes? viajou por todo o Brasil, participando e arrebatando prêmios nos festivais de estudantes de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e outros.

Ainda no início da carreira, foi convidada para produções fora do Paraná. Fez ?A Herdeira?, a convite de Bibi Ferreira (1955), e ?Um Bonde Chamado Desejo?, com direção de Maria Fernanda (1966). Outras importantes interpretações ficaram marcadas para sempre na memória do público, como os personagens que viveu em ?Colônia Cecília? (1985) e nos sete anos de apresentações (de 1992 a 99) de ?O vampiro e a polaquinha?, a partir da obra de Dalton Trevisan. ?Fala baixo senão eu grito?, obra de Leilah Assunção, foi outro trabalho significativo da atriz, feito em 1970, desta vez sob a direção de Oraci Gemba.

?Lala Schneider é a melhor contribuição em papéis de considerável variedade?, comentou a crítica Bárbara Heliodora, sobre a sua performance no espetáculo ?Mistérios de Curitiba?, que ficou seis meses em cartaz no Teatro Copacabana Palace do Rio de Janeiro, em 1990. Neste texto de Dalton Trevisan e direção de Ademar Guerra, Lala fez a memorável polaca, traída e angustiada pela lembrança do gosto azedo da maçã da Serrinha.

Lala Schneider tornou-se mais conhecida pelo grande público quando passou a atuar em novelas da Rede Globo. Representou papéis em ?Lua cheia de amor?, ?Felicidade? e na minissérie ?Tereza Batista?. Antes disso, havia feito novelas com Roberto Menguini, na Canal 6, nos primórdios da produção televisiva do Paraná. No cinema, Lala Schneider trabalhou principalmente com cineastas paranaenses. Fez ?Guerra dos Pelados?, ?Aleluia Gretchen? e ?Making of Curitiba?, de Sylvio Back, ?O Cerco da Lapa?, de Berenice Mendes, ?Maré Alta?, de Egídio Élcio, entre outros.

Em 1994, João Luiz Fiani inaugurou seu teatro com o nome de Fundação Teatro Lala Schneider, em homenagem à atriz. Em 2004, Lala Schneider recebeu do Centro Cultural Teatro Guaíra a Medalha Comemorativa dos 50 anos do Guairinha (Auditório Salvador de Ferrante), homenagem concedida às personalidades que fizeram parte da história do teatro paranaense.

Mulheres fúteis, amarguradas, más e traidoras são características comuns em seus personagens, embora ao longo dos 50 anos tivesse interpretado toda a variedade de perfis psicológicos. ?Todo ator leva um pouco de si para o personagem. Uns mais outros menos, mas todos se confundem principalmente na forma em que trabalhamos?, dizia a atriz. Para ela, mais do que no cinema e na televisão, no teatro, acaba-se ?amando? o personagem. ?Nos aprofundamos tanto nele que ele passa a ser da gente?.

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