Modéstia intelectual e a essência do conhecimento

Guimarães Rosa nos ensina: “Mestre não é aquele que sempre ensina, mas aquele que de repente aprende”. Quanto mais sabemos, mais temos consciência do quanto ainda temos a aprender. Esta é a essência da mecânica humana do conhecimento. A atitude mais freqüente que vejo na Academia Paranaense de Letras, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, nos dezessete colégios de ensino fundamental e médio da Província Marista do Brasil Centro-Sul, nos cinco hospitais da Aliança Saúde PUC-Santa Casa e por onde passo é a disposição dos jovens, e dos menos jovens também, em aprender sempre mais. Essa postura de “modéstia intelectual”, na expressão de Karl Popper, jamais deve ser superada.

Como bons mestres das ciências, das letras, da política, das comunicações, da administração, da cultura, da disciplina, mas, principalmente, como mestres da vida, considero que os gestores, intelectuais, comunicadores, religiosos, lideranças públicas, também são educadores. Enquanto os conhecimentos e o domínio das tecnologias nos facultam a ganhar a vida, a sabedoria nos ensina a viver e a ensinar a viver bem. Por excelência, somos educadores quando preparamos o cidadão, visualizamos os segredos da vida, lapidamos as inteligências, sensibilizamos o coração, imprimimos na alma valores éticos e testemunhos de afetividade, solidariedade e amor.

É notória a preocupação crescente com as mudanças que estão ocorrendo, em alta velocidade, no ambiente profissional, social e familiar. Os fantásticos recursos da tecnologia e da era digital, as multimídias, as redes, a internet, o acesso à informação a domicílio, as novas máquinas e inteligências artificiais, os livros paradidáticos descartáveis, tudo isso inovou e energizou as pessoas e os cenários internos e externos das organizações, no País e no exterior. Trabalhar com esses horizontes tornou-se sério desafio para quem ocupa posição de liderança. O futuro desejado para o Brasil aponta para objetivos audaciosos nas áreas da educação, da pesquisa especializada, da preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, do terceiro setor e da assistência social e comunitária.

Sem sombra de dúvida, é sobre nós e a quem tem o legítimo poder de tomar decisões que recai a maior carga de responsabilidade. Em função da natureza das atividades que exercemos, temos a missão de educar, de influir na formação da cidadania, de encontrar alternativas para melhorar a sociedade e apontar o caminho do bem, da felicidade e da compreensão solidária. Dentro desse novo contexto e intelectualidade, o que faz crescer a humanidade são a justiça, a ética, a honestidade, o caráter, o respeito e o diálogo.

Clemente Ivo Juliatto

é reitor da PUCPR, provedor da Santa Casa de Curitiba e integrante da Academia Paranaense de Letras.

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