Ministro da pesca garante que salmão cru é seguro

O ministro da Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, anunciou nesta terça-feira (10) em São Paulo que não houve confirmação de qualquer contaminação em salmões importados do Chile com a doença difilobotríase. Segundo Fritsch, é seguro o consumo desse peixe na forma crua e fez um apelo à responsabilidade na divulgação desse tipo de possibilidade de contaminação, sem uma confirmação da origem do produto.

As afirmações foram feitas durante entrevista coletiva após a abertura da feira Seafood Expo Latin América, em São Paulo. Fritsch afirmou que houve confirmação de que os 27 casos de doença difilobotríase registrados no Brasil tenham ocorrido pelo consumo de salmão cru. Mas, segundo ele, não houve confirmação de que era salmão importado do Chile.

Para o ministro, a divulgação pode ter sido usada como parte de uma "armação internacional" para prejudicar a produção de salmão do Chile. Segundo o ministro, os dados estatísticos da doença são "insignificantes" e não justificavam a repercussão que houve.

Ao falar na abertura do evento, Fritsch disse: "Eu não quero discutir do ponto de vista sanitário, eu quero discutir do ponto de vista estatístico. O Brasil importa da ordem de 10 mil toneladas de salmão do Chile, sendo que 90% do salmão importado fresco. O estado de São Paulo é o maior consumidor de salmão do Brasil. E aqui, na capital e no entorno, consome metade do salmão cru (que é) consumido no Brasil.E vamos supor que entre 4 a 5 mil toneladas sejam consumidas aqui na grande São Paulo. O resultado da investigação do setor sanitário identificou 27 casos no período de um ano. E para identificar a incidência desse parasita no ser humano ele só pode ser identificado a partir de exame de fezes (…) ele é identificado nos ovos que esse parasita, na fase adulta, libera. Como é que pode 27 casos durante um ano onde aqui tem mais de 1 milhão de consumidores costumazes ? que tem o costume de comer ? salmão fresco, peixe fresco?"

Citando exames feitos pela Vigilância Sanitária, a Anvisa, Fritsch disse que "o resultado da semana passada mostrou que nenhuma prova até agora apareceu, em todas as análises de carne de peixe feitas no Brasil, da existência desse parasita na carne de peixe".

De acordo com Fritsch, o Brasil pode ter sido vítima de um processo para prejudicar os chilenos, que são os principais exportadores de salmão no mundo. "O setor de produção de pescado hoje no Brasil teve um prejuízo por conta dessa armação internacional que se fez em torno do salmão chileno", diz o ministro.

"Há uma análise estatística que eu faço que não justifica nenhuma medida da forma como foi feito. Quem fez isso, fez intencionalmente ou foi no ímpeto, por conta de alguma repercussão que a imprensa apresentou. Mas eu acho que foi uma decisão precipitada e isso evidentemente levanta todo o tipo de dúvidas em relação ao porque isso aconteceu", afirmou o ministro.

Além de prejudicar as vendas de peixes no Brasil, os casos de difilobotríase também dificultaram as vendas de restaurantes e supermercados. "Acabou prejudicando exatamente o consumidor que cada vez mais vem consumindo produtos de pescado e ao mesmo tempo prejudicando os restaurantes que aqui em São Paulo tem um significado muito grande do ponto de vista de geração de emprego e renda", diz o ministro.

Segundo Fritsch, o parasita Diphyllobothrium spp, causador da doença, foi encontrado apenas nas fezes das pessoas contaminadas e os exames realizados em peixes cru não detectaram a sua presença. Na opinião do ministro, a apuração dos fatos não foi feita de forma adequada. "Eu sugeri ao presidente da Anvisa, e ao ministro da Agricultura, que primeiro tem de fazer uma reunião entre os órgãos estaduais e federais para, a partir de uma análise distanciada do problema, poder identificar qual é a gravidade da situação. Isso aconteceu em Santa Catarina com o caldo de cana. A pessoa toma caldo de cana hoje e morre de mal de Chagas amanhã, isso não existe cientificamente. Não existe isso. A doença de Chagas leva algum tempo para se desenvolver na pessoa".

Questionado sobre o fato de que os 27 casos não apareceram no período de um ano, mas num período que seria de dois meses, o ministro ressalvou que esses casos apareceram no período de um ano, sugerindo que deve-se levar em consideração que as pessoas habitualmente fazem esse tipo de exame a cada ano.

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