Ministro acredita que fornecimento de gás será restabelecido rapidamente

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse nesta terça-feira que está "muito otimista" quanto à possibilidade de ser rapidamente restabelecido o fornecimento de gás natural procedente da Bolívia, afastando o risco de desabastecimento do produto para residências e veículos movidos a gás natural veicular (GNV) no País. O fornecimento foi parcialmente interrompido, semana passada, em virtude do rompimento de um duto na Província do Gran Chaco, na Bolívia e, até o momento, ainda não afetou o fornecimento às distribuidoras que atendem diretamente os consumidores finais.

Rondeau disse ter recebido relatórios informais das equipes de trabalho confirmando a previsão feita por ele, na segunda-feira, de que os reparos provisórios no duto de condensado poderiam ser concluídos quinta-feira. "As notícias da Bolívia são as melhores possíveis", afirmou Rondeau. O condensado é um líquido extraído junto com o gás natural. O rompimento no duto atrapalha o escoamento do condensado, reduzindo a produção de gás.

Equipes da Petrobras e da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) estão fazendo um desvio do trecho de 800 metros do duto que está danificado para um outro duto paralelo, que não estava sendo usado, para que o condensado possa ser transportado.

O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que participou hoje de audiência pública no Senado, confirmou que as probabilidades "são muito favoráveis" de que o racionamento de gás natural vindo da Bolívia não tenha "nenhum efeito" sobre o consumidor final. Ele admitiu, no entanto, que, do ponto de vista técnico, ainda não é possível descartar por completo a hipótese desse contingenciamento ser necessário. "Tenho informações de que (os trabalhos) estão andando bem", disse.

A queda no fornecimento causou uma redução de 72% no abastecimento de gás para usinas termelétricas. Gabrielli não disse quando o racionamento para essas usinas será suspenso porque isso depende de soluções técnicas. "Esse é um problema que vamos ver depois, porque não sei qual a capacidade que nós temos", afirmou. Ele disse, também, que a redução de 51% da utilização do gás nas refinarias da Petrobras não terá nenhum efeito no mercado, apenas um custo financeiro para a estatal, cujo montante ele não soube precisar. "Para fora da Petrobras, os efeitos serão praticamente nulos."

Rondeau reafirmou que o Brasil vem recebendo apoio "irrestrito" do governo da Bolívia para solucionar o problema do duto. Apesar das manifestações no país vizinho pela nacionalização das reservas de gás e petróleo, Rondeau disse que não vê um ambiente de hostilidade dos bolivianos. Ele disse que, provavelmente na próxima semana, virá ao Brasil uma missão técnica do governo da Bolívia para conversar com a Petrobras sobre o contrato de fornecimento de gás ao Brasil e sobre as instalações de refino mantidas pela Petrobras naquele país.

Gabrielli, por sua vez, confirmou que foram retomadas as negociações com o governo da Bolívia sobre a exploração, pela empresa, de reservas de gás natural daquele país. Ele destacou, entretanto, que foi fechado um acordo de "confidencialidade" entre as partes, de modo que não poderia revelar detalhes a respeito.

O presidente da Petrobras também reconheceu que, levando-se em conta as reservas nacionais, o Brasil não pode dispensar o gás natural que compra da Bolívia. Segundo ele, o Brasil só procuraria uma alternativa ao gás boliviano se houvesse uma "crise incontornável". Como exemplo, ele disse que, apenas se a situação ficasse muito grave, o Brasil teria que partir para outra alternativa, como comprar gás natural liquefeito (GNL) produzido no Catar, opção avaliada hoje como muito cara.

Voltar ao topo