O Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio dos bens e a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do candidato a deputado federal pelo PT do Ceará, José Airton Cirilo (PT), apontado como sendo o chefe da máfia dos sanguessugas. A ação cautelar, de autoria do procurador Alessander Sales, também abrange os seguintes cearenses acusados de envolvimento na compra superfaturada de ambulâncias: o deputado federal e candidato à reeleição, Almeida de Jesus (PL); o prefeito de Barbalha, Rommel Feijó (PTB-CE); e o ex-assessor parlamentar, Raimundo Lacerda Filho, que trabalhava no gabinete do senador Luiz Pontes (PSDB-CE) e que é sobrinho de José Airton.
De acordo com o procurador, a medida tem por objetivo buscar elementos para a abertura de uma eventual ação de improbidade administrativa contra os acusados. As solicitações do MPF, no entanto, precisarão ainda ser apreciadas pela Justiça Federal.
O deputado Almeida de Jesus e o prefeito Rommel Feijó, que até o fim de 2004 exercia mandato de deputado federal, são acusados de receber propina em troca da apresentação de emendas parlamentares para a compra das ambulâncias. José Airton, segundo depoimento dos empresários Luiz Antônio Vedoin e Darci Vedoin sócios da Planam, intermediou a liberação de dinheiro junto ao Ministério da Saúde. Lacerda Filho seria seu representante no esquema.
A ação cautelar faz referência ao fato dos quatro acusados ocuparem cargos federais, à época das supostas irregularidades. O procurador pede a indisponibilidade de todos os bens móveis e imóveis e de qualquer quantia encontrada em contas bancárias ou aplicações financeiras. O objetivo é garantir a possibilidade de ressarcimento aos cofres públicos caso fique comprovada a fraude. É pedida ainda a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico, com a abertura do registro de todas as ligações efetuadas desde 2002, ano em que eles teriam começado a atuar no esquema.
Segundo o advogado de Rommel Feijó, Paulo Quezado, seu cliente está disposto a disponibilizar os dados de sua movimentação bancária e telefônica. José Airton também garantiu ao presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, que abre mão de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico. Hoje, na propaganda eleitoral gratuita, José Airton disse que tem sido perseguido por "pessoas que estão inventando mentiras" contra ele.
O deputado federal Almeida de Jesus (PL) afirmou que vai continuar se defendendo no Conselho de Ética e que continuará postulando reeleição à Câmara. Almeida lamentou que a CPI, que apura a venda superfaturada de ambulâncias, incluiu "todo mundo numa vala só". Sobre o pedido de indisponibilidade dos seus bens se disse tranqüilo. Ele revelou ser dono apenas de uma casa financiada pela Caixa Econômica e de um carro adquirido por consórcio, com 14 parcelas ainda a serem pagas.