Ministério Público cruza novos relatos sobre morte de Celso Daniel

O Ministério Público (MP) de São Paulo cruzará as informações fornecidas pelas duas novas testemunhas do seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel, na tentativa de esclarecer o crime e a suposta vinculação com o esquema de corrupção na cidade. O primeiro passo é ouvir a moradora de um prédio da Avenida dos Três Tombos, na Vila das Mercedes, local onde Daniel foi capturado, na noite de 18 de janeiro de 2002. Ela foi localizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos no fim de semana.

Amanhã (30), em Brasília, a CPI ouve depoimento dos promotores Roberto Wider Filho e Amaro Thomé Filho, que integram a força-tarefa do caso, além da delegada da Polícia Civil Elisabeth Sato, que preside o inquérito.

As declarações prestadas pela testemunha, localizada no domingo (27), são consideradas importantes porque reforçam o depoimento de Aílton Alves Feitosa.

Feitosa conta ter ouvido falar sobre a preparação do seqüestro por Dionísio Severo de Aquino Gomes – com quem o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, teria encomendado o crime.

Segundo Feitosa, parte do pagamento de R$ 1 milhão pelo seqüestro – US$ 40 mil – estaria na disponível na Pajero de Sombra no momento do rapto.

A moradora da região onde Daniel foi capturado relata ter visto um dos seqüestradores entrarem no parte de trás do automóvel depois que o prefeito havia sido levado pelo restante do grupo.

Dívida

Os promotores ainda pretendem, pro meio do cruzamento das informações, averiguar a nova versão para o assassinato apresentada por outra testemunha, que presta trabalho social na Favela de Heliópolis, zona sul de São Paulo, e foi ouvida ontem (28), em sessão especial da CPI. Ela relatou que o seqüestro foi encomendado para quitar uma dívida contraída na eleição de 2000 por Sombra junto a um traficante identificado como Banana, que o MP também tenta localizar.

Em relação à acareação realizada ontem entre Sombra e os sete presos acusados de participação no crime, a avaliação dos senadores e dos promotores que acompanham o caso foi de que houve tentativa de preservar o empresário. "Parecia uma confraria de amigos", resumiu o promotor Roberto Wider Filho. "Houve uma preocupação uníssona de poupar o Sombra", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos designados pela CPI para acompanhar o caso.

Wider salientou ainda a tranqüilidade de Sombra. "Ele chegou a falar que entendia a atitude do Elcyd (Elcyd de Oliveira Brito, o ‘John’ – um dos acusados de participação no crime), quando o preso confessou ter enviado carta ao advogado do Sombra tentando extorqui-lo", observou o promotor. Para um dos advogados de Sombra, Adriano Sales Vanni, a acareação "foi de grande valia" para a Justiça. "Ficou comprovada extorsão do meu cliente."

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