Militares estão entre os trinta presos por fraude com alimentos

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (11) 30 empresários e funcionários públicos, incluindo 10 militares reformados e da ativa, em seis Estados. Os detidos na "Operação Saúva" são acusados de participação em uma quadrilha que fraudava licitações públicas de gêneros alimentícios no Amazonas. Vinte e sete pessoas foram presas em Manaus. Entre os presos estão secretário-executivo da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo, o capitão da PM José Quincas, descoberto em férias em Paris e já com retorno marcado para esta sexta-feira ao Brasil, trazido pela PF, e o capitão do Exército Carlos Alberto Teixeira Ramos, detido no Rio.

Além da prisão, a Polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Ramos. Segundo a Superintendência da Polícia Federal no Rio, ele foi levado para Manaus, centro da operação. O material retido na casa dele também foi enviado para a capital amazonense.

No total foram expedidos 64 mandados de busca e apreensão, em que foram encontrados nas casas dos indiciados, por crimes de peculato a formação de quadrilha, desde documentos e dólares a jóias e 30 carros importados. Há apenas um foragido, o empresário José Maurício Gomes Lima.

No Amazonas, a PF e a Receita federal apuraram R$ 126 milhões em licitações e compras superfaturadas de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pelo Exército brasileiro, o governo estadual e pelas prefeituras da capital e de Presidente Figueiredo, município a 107 quilômetros de Manaus. Lobo, secretário-executivo da Fazenda do Amazonas, é suspeito de facilitar os pagamentos e liberar a participação de empresas para licitações mesmo elas estando em dívida com o Estado do Amazonas.

O Exército e o governo estadual emitiram notas oficiais informando que os envolvidos estão afastados de suas funções e devem ser realizadas investigações internas para apurar eventuais responsabilidades sobre os ilícitos apontados pela Polícia e Receita Federal.

De acordo com o superintendente da Receita Federal na região Norte, José Barroso Tostes Neto, além do valor das licitações fraudadas, a Receita apurou sonegação fiscal de cerca de 20 empresas de quatro grupos. "Nos últimos seis anos estas empresas movimentaram mais de R$ 354 milhões no País, mas declararam terem apenas R$ 27 milhões de rendimentos no mesmo período", afirmou. "Só no ano passado o esquema beneficiou os fraudadores em cerca de R$ 60 milhões".

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