México acredita que pode ser protagonista na Copa 2006

Apesar de ter organizado duas vezes um Mundial (em 1970 e 86), o México sempre foi um coadjuvante em Copas do Mundo, quase um figurante. Desta vez, porém, a meta é ser protagonista. A imprensa local acredita que a atual geração é a melhor de todos os tempos. O campeonato nacional movimenta milhões nas mãos de grandes empresas. A seleção, que ocupa a sétima colocação no ranking da Fifa, foi designada como uma das cabeças-de-chave da competição. E, ainda por cima, deu sorte: caiu no Grupo D, com Portugal, Irã e Angola.

Tudo parece dar certo para os mexicanos. A boa campanha do Chivas na Libertadores é uma prova disso – o time bateu duas vezes o São Paulo, inclusive no Morumbi. Só o fato de a seleção cruzar com um integrante do ?Grupo da Morte? (com Argentina e Holanda) já nas oitavas-de-final diminui a empolgação dos mexicanos, que nunca chegaram a uma semifinal de Copa.

"O México pode competir com qualquer um, de igual para igual", diz o bom goleiro Oswaldo Sanchez, do Chivas, que ficou na reserva nas Copas de 98 e 2002, mas que será titular na Alemanha

Sanchez é uma prova de que o futebol mexicano, hoje em dia, é auto-suficiente. Dos 26 cotados para disputar a Copa, só quatro estão no exterior – situação bem diferente da vivida pelos seus famosos vizinhos do sul, Brasil e Argentina. Sanchez, aliás, esteve cotado para se transferir para o Santos no início do ano passado. Mas quando os dirigentes santistas souberam que ele recebia US$ 100 mil mensais (R$ 216 mil) no Chivas, desistiram do negócio. Para cobrir a oferta, seria preciso pagar um salário maior do que aquele que Robinho recebia na época.

O segredo do México para manter suas estrelas no país é o investimento pesado que grandes empresas locais fazem no esporte Os principais times mexicanos pertencem a grandes corporações, como a rede Televisa de comunicação, que é proprietária do América, do Necaxa e do San Luis.

Jogadores famosos como o atacante Cuauhtémoc Blanco, do América, podem ganhar até US$ 500 mil (mais de R$ 1 milhão), somando salários, prêmios e cachês publicitários. O argentino Carlitos Tevez, jogador mais bem pago do Brasil, ganha pouco menos de R$ 500 mil por mês da MSI. "Os altos salários no futebol do México se devem totalmente aos investimentos das empresas", diz o repórter Edgar Luna, do Jornal Esto, de Guadalajara.

O investimento é altamente lucrativo e feito por empresas do próprio país. Os estádios estão sempre cheios no México e alguns jogos são levados para os Estados Unidos, onde a presença de imigrantes de origem mexicana é maciça. São raros os casos de jogadores que resolvem trocar o sucesso garantido no México pela incerteza em algum time europeu. Dos 26 pré-convocados pelo técnico Ricardo La Volpe para o Mundial, só os zagueiros Rafa Márquez (Barcelona) e Cláudio Suárez (Chivas USA), e os atacantes Guillermo Franco (Villarreal) e Jared Borgetti (Bolton Wanderers) atuam no exterior.

O goleiro Oswaldo Sanchez aponta outro motivo para a baixa migração de boleiros mexicanos para outros países: "A Liga Mexicana não tem muita difusão. Nós, mexicanos, não temos bons promotores, como outros países". Ou seja: a TV mexicana sabe vender suas novelas, mas é incapaz de negociar a transmissão do campeonato local para outros mercados.

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