Mercosul vai harmonizar a medição da pobreza

Especialistas governamentais dos países sócios do Mercosul responsáveis pela elaboração de políticas e estatísticas sociais realizaram nesta terça-feira (13), em Buenos Aires, a primeira reunião para harmonizar as metodologias de medição da pobreza. De acordo com o secretário de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Rômulo Paes, o Brasil apresentou a proposta de que nos levantamentos realizados pelos países sejam incluídas não só as pesquisas sobre pobreza e indigência, mas também sobre insegurança alimentar.

"A insegurança alimentar é quando o indivíduo deixa de ter alguma refeição por falta de dinheiro ou quando teme que o dinheiro não alcançará para todas as refeições e começa a reduzir o número e a quantidade de comida", explica Paes. Segundo ele, essa proposta "é uma alternativa para medir também a desnutrição". O objetivo da reunião dos especialistas foi conhecer os avanços dos países integrantes do Mercosul em relação ao cumprimento da primeira Meta do Milênio, das Organizações das Nações Unidas (ONU), que é a erradicação da pobreza e da fome.

Segundo informações da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, em 2007, o MDS investirá R$ 24,3 bilhões em programas sociais de enfrentamento à pobreza e combate à fome, mais do que o dobro dos R$ 11,4 bilhões destinados em 2003, no início do atual governo. Os recursos englobam ações nas áreas de assistência social, segurança alimentar e transferência de renda. Atualmente, o Bolsa Família, um programa do Fome Zero, beneficia 11 milhões de lares pobres.

Estudos apresentados na semana passada, em Brasília, mostram o impacto do Bolsa Família para a diminuição da miséria e da desigualdade social no Brasil. Pelas análises do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ricardo de Paes de Barros, o programa de transferência de renda do Governo Federal foi responsável por 26% da queda da pobreza e 41% da extrema pobreza no período de 2001 a 2005.

De acordo com os estudos do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, a taxa de pobreza extrema chegou, em 2005, ao menor patamar desde que esse indicador começou a ser aferido, em 1992. Os números revelam que o índice de brasileiros nesta situação caiu de 11,73% para 5,32%. A redução chegou a 54,6%, cumprindo a meta de 50% definida em 1990 pela ONU para ser atingida em 2015.

O encontro em Buenos Aires foi promovido pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), do Ministério da Economia da Argentina. Atualmente o Indec, órgão similar ao IBGE, sofre uma crise de credibilidade, devido a denúncias de manipulação oficial dos índices de inflação. Indagado sobre se esse tipo de crise poderia afetar os trabalhos conjuntos dos técnicos, Paes disse que "não", porque o "governo brasileiro tem a absoluta tranqüilidade no funcionamento normal das instituições argentinas".

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