Mercado espera queda da Selic para 17,5%

Brasília – O Banco Central (BC) não deverá acelerar o ritmo de queda dos juros, aposta a maioria dos analistas financeiros, segundo mostra o resultado da pesquisa semanal Focus. O corte seria de apenas 0,5 ponto. O Comitê de Política Monetária (Copom) realiza na semana que vem sua primeira reunião este ano. Ao longo de 2006, o Copom se reunirá oito vezes, e não mais uma vez por mês, como foi até agora.

A taxa, com isso, recuaria dos atuais 18% e passaria a ficar em 17,50%, menor nível desde novembro de 2004. "Os sinais dados pelo Banco Central (BC) até o momento são de manutenção do gradualismo na trajetória de queda dos juros", disse a economista do Banco Fibra, Maristela Ansanelli.

O foco de maior atenção do BC no momento, na opinião da economista, é com a possibilidade de repasse da inflação mais alta do último trimestre do ano passado para a de 2006. "A inércia da inflação é um fato que vem sendo acompanhado pelo BC" disse. A atividade econômica, segundo avalia a economista, é outro ponto sob observação pela equipe do BC. "O otimismo deles com a atividade econômica é mais um motivo de cautela na condução da política de juros", disse. O mercado, em função disso, observará com a atenção a divulgação amanhã (10) do resultado da produção industrial em novembro de 2005.

Para as demais reuniões do Copom neste ano, a economista do Banco Fibra disse que ainda é cedo para se fazer uma previsão. "Temos que ter mais informações para ter uma avaliação mais consolidada", disse. Ela no entanto acredita que, com base nas informações disponíveis hoje, os juros tenderiam a cair de forma lenta e segura. "Eles podem ir cortando os juros em 0,50 ponto porcentual e no fim do ano passar a reduzir em apenas 0,25 ponto porcentual", disse. Neste ritmo, a taxa de juros, segundo Ansanelli, poderia chegar ao fim do ano em 15%. "Os 15% são hoje um consenso que se encontra até mesmo na pesquisa semanal de mercado do BC", disse.

Para o fim deste ano, as estimativas do mercado para a taxa de juros permaneceram em 15% pela segunda semana seguida. Há quatro semanas, estas projeções estavam em 15,38%. As expectativas de taxa média de juros para este ano também não mudaram e prosseguiram em 15,94%.

Embora o presidente do BC, Henrique Meirelles, tenha afirmado hoje (9), na Suíça, que espera um crescimento de 4% este ano, as projeções do mercado apontam para um crescimento mais modesto: 3 5%. Para 2005, as previsões de crescimento pararam de cair e ficaram estáveis em 2,4%. Alguns analistas de mercado não descartam entretanto a possibilidade de o resultado ficar em apenas 2,3%. "Tudo vai depender da revisão do resultado do PIB no terceiro trimestre do ano passado", disse um analista.

Os analistas elevaram ligeiramente, em US$ 500 milhões, a projeção do superávit em conta corrente para este ano, passando de US$ 7,5 bilhões para US$ 8 bilhões. Eles esperam ainda que o dólar termine o mês na casa dos R$ 2,30. Ao final do ano, a moeda norte-americana deverá estar cotada em R$ 2,40, segundo calculam os especialistas.

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