Mercado errou maioria das projeções de 2005

São Paulo – O mercado errou feio em suas projeções para a economia em 2005. É verdade que este foi realmente um ano de surpresas no campo político, agrícola e internacional, com a disparada do preço do petróleo, crise no campo e uma avalanche de CPIs no Congresso Nacional, mas ao olharmos hoje para as estimativas feitas no início do ano é possível perceber o quanto elas se distanciaram da realidade.

O exemplo mais gritante é o dos Índices Gerais de Preços (IGPs). Na primeira pesquisa Focus de 2005, a mediana das expectativas para o IGP-M ao final do ano era de 6,53% e o do IGP-DI, de 6 46%. Hoje, sabe-se que a inflação medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano deve ser a menor da história.

No levantamento do Banco Central (BC) divulgado ontem (12), as medianas estavam em 1,50% e 1,47%, respectivamente, mostrando uma diferença superior a cinco pontos porcentuais. E, se o índice ainda for alterado na Focus pelas instituições até o fim de 2005, provavelmente será para baixo. No ano até a primeira prévia de dezembro, o IGP-M acumula uma elevação de 1,28%. Já o IGP-DI subiu 1,16% até o final do mês passado.

Se o exemplo mais distante são os IGPs, também está no campo da inflação o indicador que o mercado deve se aproximar mais na comparação com as primeiras previsões do ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja mediana das previsões em 7 de janeiro era de 5,67% oscilou muito ao longo do ano, atingindo a máxima de 6,39% em 13 de maio e a mínima de 5,19% em 12 de setembro.

Ontem, no entanto, a mesma pesquisa Focus voltou ao nível do início do ano, com a mediana em 5,68% – 0,01 ponto porcentual de diferença, praticamente nada. E tudo indica que o índice oficial de inflação deva fechar próximo a este patamar. No ano, acumula uma elevação de 6,22% até novembro e a expectativa para dezembro é de uma taxa de 0,35%.

Outro indicador que surpreendeu os analistas ao longo do ano inteiro foi o câmbio. A mediana das projeções do mercado na primeira Focus de 2005 era de que a cotação encerrasse o ano em R$ 2,95. Neste meio tempo, houve intervenção do BC no mercado, mas nem assim a moeda americana subiu. As previsões no último levantamento do BC apontavam para R$ 2,22. E R$ 0,73 de diferença pode fazer muita fortuna ir para o ralo. Hoje mesmo, o dólar abriu em queda de 0,35%, a R$ 2,252.

O recuo da moeda durante 2005, no entanto, não foi suficiente para reduzir as projeções para a balança comercial. Ao contrário. O ano começou com a perspectiva de um superávit de US$ 26,10 bilhões, incrementada mês a mês até chegar à expectativa de que o saldo será de US$ 43,73 bilhões.

Ontem, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informou que até a segunda semana de dezembro o superávit estava em US$ 41,747 bilhões. O movimento, segundo os analistas, foi puxado pela forte demanda do mercado externo, principalmente de países como a China. Para o saldo em conta corrente, as projeções passaram de um superávit de US$ 3 bilhões em 7 de janeiro para US$ 14 bilhões na pesquisa do dia 9 de dezembro.

Em relação à política monetária, a diferença entre as projeções do início do ano e de agora é de 2 pontos porcentuais. Em janeiro, o mercado previa que a Selic encerrasse 2005 em 16% ao ano. Atualmente, em 18%. Amanhã o BC deve confirmar este último patamar, na opinião de 37 de 46 economistas do mercado consultados pela Agência Estado. Outros nove contam com um corte mais agressivo, de 0,75 ponto porcentual.

Tudo indicava que as projeções de crescimento para o PIB feitas no início do ano, de 3,6%, seriam confirmadas. Mas aí veio a retração de 1,2% no terceiro trimestre em relação ao segundo, divulgada pelo IBGE no último dia de novembro, e houve uma forte onda de revisões para baixo. Atualmente, a mediana está em 2,52% e mesmo que agora ela esteja subestimada, o resultado deve ficar mais próximo desta correção do que da primeira avaliação. Na mesma linha, as estimativas para a produção industrial em 2005 foram reduzidas de 4,50% para 3,15%.

Feliz Ano Novo

Vale ressaltar que o ano ainda não acabou, mas dificilmente haverá mudanças significativas na economia nos últimos 15 dias de 2005. O foco agora já está voltado para 2006.

Para o próximo ano, as projeções preliminares do mercado apontam para um IPCA em 4,5% (centro da meta), IGPs de 4,7%, câmbio em R$ 2,43, Selic em 15,38%, PIB de 3,5%, produção industrial de 4 10%, balança comercial de US$ 36,00 bilhões e conta corrente de R$ 6,57 bilhões.

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