Marcos Valério manda sugestões a parlamentares para acareação

O publicitário Marcos Valério, principal personagem do escândalo do ‘mensalão’, decidiu auxiliar os parlamentares que farão na quinta (27) a acareação entre ele e mais sete envolvidos no pagamento de propinas a partidos e deputados. Valério enviou hoje (25) uma lista de cinco "sugestões" aos parlamentares para que a acareação se torne mais "eficiente e produtiva".

Em um ofício enviado por seu advogado, o publicitário sugere que os parlamentares da CPI do Mensalão tenham em mãos, na hora da acareação, os registros de acesso ao prédio onde fica o Banco Rural, os recibos de saques assinados pelas pessoas que estarão na acareação, os e-mails e fax enviados por Simone Vasconcelos – que estará na acareação -, sua gerente financeira, para as agências do Banco Rural autorizando os saques.

Valério sugere, ainda, que a CPI tenha os registros de presença e entrada nos hotéis de Brasília e São Paulo onde eram feitos os pagamentos e os registros de telefonemas feitos por ele, Simone ou alguém da sua empresa, a SMP&B para os acusados. "São sugestões interessantes", limitou-se a comentar o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel. E podem ser úteis, já que os parlamentares têm tido dificuldades, em alguns depoimentos, de confrontar informações por não terem esse tipo de material em mãos.

Hoje, também em função da acareação, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) conseguiu no Supremo Tribunal Federal uma medida cautelar para permitir que os advogados dos depoentes possam dar orientações a seus clientes durante o depoimento e também corrigir informações. Na decisão, o ministro do STF Celso de Mello afirma que têm ocorrido "graves e injustas restrições" ao trabalho dos advogados nas CPIs.

A superacareação, como vem sendo chamada, vai reunir Valério, Simone, o presidente do PL, Waldemar Costa Neto, Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, João Cláudio Genu, ex-assessor da liderança do PL na Câmara, Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, Manoel Severino, ex-presidente da Casa da Moeda, e José Luís Alves, ex-chefe de gabinete do então ministros dos Transportes Anderson Adauto na mesma sessão para tentar descobrir o quanto cada um recebeu do publicitário, já que cada um dá valores diferentes para os saques.

O presidente da CPI, senador Amir Lando, diz que não vai haver debates entre os acusados e Valério e Simone serão colocados com cada um dos recebedores separadamente. "Eles só responderão ao que será perguntado pelos parlamentares. E não vou aceitar discursos", afirmou. Discursos, em vez de perguntas, têm sido comuns nas audiências das CPIs.

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