Marcos Valério desmente versão de Duda sobre conta nas Bahamas

Brasília (AE) – O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza negou hoje (11), em depoimento na CPI do Mensalão, a versão do publicitário Duda Mendonça de que teria recomendado a criação de uma conta nas Bahamas, para o pagamento de débitos do PT, referente à campanha eleitoral de 2002. Marcos Valério confirmou que por ordem do ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, pagou R$ 15,5 milhões ao publicitário. Marcos Valério negou, ainda, que tenha manipulado o publicitário baiano lembrando que, como um homem de 61 anos de idade, Duda teria muito mais experiência que ele em relação a negócios de campanha. O depoimento de Marcos Valério na CPI do Mensalão não estava previsto.

Ao lado de seu advogado Marcelo Leonardo, o empresário compareceu ao Congresso para entregar documentos e um CD-ROM com a cópia da contabilidade de sua empresa. Mas como Duda Mendonça estava na sala ao lado, concedendo um explosivo depoimento na CPI dos Correios, Marcos Valério foi ouvido mais uma vez, já que havia contradições entre a sua versão e a de Duda.

Nesse novo depoimento, Marcos Valério disse ter conhecimento do fax que Duda Mendonça apresentou à CPI dos Correios, mandado pela SMP&B. Na sua explicação, o empresário observou que os fax serviam como comprovação para o próprio Duda e, ainda, para Delúbio Soares que tinha enviado o dinheiro. Daí, a necessidade de troca de fax entre os dois. "Existia uma contabilidade que era checada por Delúbio e por ela (Zilmar da Silveira, sócia de Duda)", afirmou Valério.

Ele disse que entregou, em São Paulo, dinheiro para a empresa de Duda, além de 22 cheques, para repasse de dinheiro que saía dos empréstimos tomados por suas empresas para o PT. Marcos Valério ressaltou que todos os repasses que fez estão sendo comprovados. Em um primeiro momento, lembrou, as pessoas negaram o recebimento, mas depois o confirmaram.

Foi uma referência indireta ao fato de Duda e Zilmar terem, inicialmente, negado o recebimento dos R$ 15,5 milhões. Ele disse, também, que tem alguns recibos, mas não todos, e que é mais fácil culpar um empresário de Minas Gerais do que um publicitário. "Fui usado e cuspido para fora", afirmou. "É muito mais fácil acusar um empresário do que um marqueteiro. É muito mais fácil usar um empresário de Minas Gerais do que o publicitário Duda Mendonça. Por isso, me culpam de tudo. É mais fácil falar ‘valerioduto’ do que ‘dirceuduto’ ou ‘ptoduto’

Marcos Valério confirmou também, no mesmo depoimento na CPI Mista do Mensalão, que deu carona, na madrugada de quarta-feira, ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS), então vice-presidente da CPI do Mensalão, que renunciou hoje ao cargo por conta do encontro com Valério. Valério negou, no entanto, que tenha ido para a casa do deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil. O empresário não foi preciso sobre o local em que deixou Pimenta.

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