Marcos Valério ameaça abrir sua caixa-preta

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza ameaça revelar ao Ministério Público Federal (MPF) tudo o que sabe sobre as transações que teria efetuado com políticos, principalmente, aqueles ligados ao PSDB de Minas Gerais. Ontem (22), Valério manteve um encontro informal com dois procuradores federais para tentar, pela segunda vez, o benefício da delação premiada.

Em troca da redução de pena, ele daria nomes e documentos das operações de caixa dois executadas pelas agências de publicidade SMP&B e DNA Propaganda. Valério pediu até mesmo um encontro com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que está em férias e só deve se pronunciar após o dia 30. "O Ministério Público somente se manifestará se provocado", informou a assessoria de Souza

Há quem enxergue na movimentação mais uma história de chantagem protagonizada pelo empresário. "Ele está fazendo uma série de ameaças. Está dizendo que contará tudo o que sabe em troca da delação premiada", afirmou um senador, pedindo para se manter no anonimato. "Ele está se sentindo solitário, isolado e sitiado na sua própria casa. Agora, quer atirar para tudo o que é lado.

Segundo um importante petista, Valério foi advertido de que qualquer dado envolvendo o partido em novas denúncias será respondido com violência. Por isso, se indagado sobre o PT, o empresário estaria disposto a apenas repetir o que disse na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, para despistar o próximo alvo. Por meio de assessores, o empresário disse hoje que só dará qualquer declaração após o término da CPI

Ameaça.

O empresário teria mandado avisar o ex-ministro das Comunicações no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Pimenta da Veiga – que recebeu R$ 150 mil das empresas de Valério – que abrirá os segredos do PSDB. O empresário e Veiga marcaram uma reunião em Belo Horizonte.

Segundo a explicação dada até agora pelo ex-ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique, o dinheiro foi recebido como pagamento por uma consultoria jurídica. Já Valério numa das inúmeras versões, inocentou Veiga, assegurando que os recursos teriam sido doados a ele para ajudá-lo a cuidar da saúde do filho, que depois morreu de câncer

"Eu perdi um filho e sei o que é a dor de um pai. Dei o dinheiro para ajudá-lo", afirmou Valério, há quatro meses. Agora a versão seria diferente.

Valério pleiteou, anteriormente, o benefício da delação premiada. Em meados de 2005, o empresário desembarcou em Brasília prometendo contar como teria operado com o PSDB mineiro o PT e o PL. Ele teve um encontro com o procurador-geral, mas o benefício não saiu.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse hoje que Valério não tem credibilidade para fazer denúncias. "O procurador Antônio Fernando é um homem sério e somente aceitaria novas denúncias se elas envolvessem a todos, principalmente o atual governo e o PT.

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