Marcha do MST chega a Brasília depois de 15 dias de caminhada

Depois de 15 dias de caminhada, a terceira marcha nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) chegou a Brasília. São mais de 12 mil pessoas, e a idade não parece ser problema para os manifestantes. Homens, mulheres, crianças e idosos andaram cerca de 250 quilômetros ? distância de Goiânia a Brasília ? com o objetivo de chamar a atenção da sociedade e do governo para os problemas vividos no campo. "A gente participa para melhorar o país porque, se ninguém lutar pela reforma agrária, ela não acontece, e é preciso que ela exista para todos terem acesso à terra", afirmou Luiz de Castro, de 97 anos.

Apesar de ser assentado há 12 anos, Luiz participa de todas as marchas do MST. Ele disse que esta é uma luta para benefício das próximas gerações, mas ressalatou ele faz questão de participar. "Essa luta já não serve mais para mim, mas é preciso que a gente se junte para que todos tenham os mesmos direitos", destacou.

A organização do movimento elegeu quatro reivindicações para apresentar ao governo: a reestruturação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária, lançado em 2003; a criação de uma linha de crédito especial para os assentados e mudanças na definição de terra improdutiva para desapropriação.

Segundo a organização da marcha, é preciso mostrar que a reforma agrária está parada. Em 2003, o atual governo se comprometeu a assentar 430 mil famílias até o fim do mandato. Até agora, 60 mil famílias receberam terra e, a 20 meses do fim da atual gestão, falta assentar 370 mil. "O governo não aplica o Plano Nacional de Reforma Agrária e ainda corta R$ 2 bilhões do orçamento da reforma agrária para pagar os juros da dívida interna aos banqueiros. Isso não é justo", afirmou Lúcia Barbosa, coordenadora da marcha pela Bahia.

Para ela, o ápice da manifestação será a audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada amanhã (17) à tarde. Além dos encontros com representantes do governo, a marcha proporcionou diversas lições aos partincipantes. "Todos aprenderam muito nesse tempo. Foi uma escola. Todo tipo de lição que se imaginar, nós aprendemos: solidariedade, limpeza, organização. Ninguém vai voltar do mesmo jeito que chegou", disse Lúcia.

A organização da marcha durou mais de um ano. Além da colaboração de alguns estados, a verba para compra de comida e remédios e para o apoio necessário foi arrecadada com os próprios assentados. As 23 delegações montaram acampamento no gramado do estádio de futebol Mané Garrincha e ficarão na cidade até quarta-feira (18).

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