Mantega reafirma boas relações com Meirelles e Banco Central

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou minimizar o embate travado desde o último fim de semana e desfazer o clima de desconforto entre ele e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. "Que mal estar? Imagina. Só dou declarações elogiosas em relação ao Banco Central", afirmou Mantega, após questionamentos dos repórteres. "Nós temos excelentes relações", disse o ministro, informando que vai almoçar com Meirelles quando ele voltar da Basiléia.

No último domingo, Mantega afirmou que a paz com o BC estava condicionada à continuidade na queda dos juros. No dia seguinte, Meirelles, em uma operação de bastidores, rebateu dizendo a presidentes de bancos centrais de vários países que se sentia "desconfortável" com Mantega à frente do Ministério da Fazenda. Dando prosseguimento à reação, Meirelles disse ontem (8) que o BC ouve todas as opiniões, mas "toma decisões sozinho" e não se sente pressionado para tomar as decisões da política monetária.

Questionado sobre declaração de Meirelles de que as opiniões da Fazenda não interferem nas decisões do Copom, Mantega respondeu: "Claro, não interferem mesmo. O Copom tem autonomia para decidir Agora, o ministro da Fazenda tem obrigação de analisar a situação econômica, da inflação e tirar suas conclusões. É claro Já pensou um ministro da Fazenda não ter opiniões sobre economia? Seria o fim da picada. Mas é claro que o Copom tem autonomia para decidir."

O ministro voltou a dizer que a situação da inflação permite ao BC continuar reduzindo os juros básicos, atualmente em 15,75% ao ano. "Eles têm sensibilidade para analisar a situação da inflação e, a partir dessa sensibilidade, é obvio que você vai ter a continuação das reduções da taxa", afirmou.

Segundo Mantega, a inflação está sob controle, inclusive com registros de deflação nos índices de preços de atacado, o que torna o cenário inflacionário positivo para a continuidade da trajetória de cortes na Selic. "Nunca a situação esteve tão favorável."

A contenda entre o ministro da Fazenda e o presidente do BC elevou o grau de incerteza em relação à condução da política monetária, uma vez que alguns analistas avaliam que, para reafirmar sua independência, o BC poderia reduzir o ritmo de corte nos juros. Isso, no entanto, já é esperado por parte do mercado desde que o Copom colocou na sua última ata a palavra "parcimônia" ao se referir às próximas decisões do órgão. Dentro do governo, alguns integrantes consideraram que Mantega exagerou um pouco na sua fala, provocando um mal-estar desnecessário na equipe econômica.

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