Manejo integrado de pragas da soja é estimulado entre agricultores

O Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, está resgatando na safra 2005/2006 o trabalho de manejo integrado de pragas da soja (MIP-soja). O motivo é a preocupação com o elevado índice de utilização de agrotóxicos na lavoura da cultura.

Para o engenheiro agrônomo Lauro Morales, entomologista da Emater em Londrina e responsável por esse programa, ?o Paraná, que participou ativamente da validação da tecnologia no final da década de 70, retoma as ações de campo para reverter o aumento das pulverizações com agrotóxicos, que elevam os custos de produção e a contaminação ambiental, além de colocar em risco a saúde da população em geral?.

O MIP-soja é um conjunto de táticas agronomicamente eficientes e ecologicamente desejáveis, segundo Morales, utilizado para a convivência racional com as pragas da cultura, sob a perspectiva econômica. ?Temos pragas conhecidas que são facilmente controladas, inclusive com substâncias de origem biológica, que não afetam o ambiente. Temos também animais que, com o passar dos anos, passaram a ser pragas e que merecem atenção e controle, inclusive químico. Assim, com o MIP-soja, queremos contribuir com o sojicultor, principalmente no que diz respeito a insumos de alto custo e preços baixos pagos para a sua produção?, garante Morales.

Levantamentos efetuados pelos extensionistas da Emater, na safra 1999/2000 apontaram 2,13 pulverizações durante o ciclo da cultura. Na última safra de soja 2004/2005, os sojicultores paranaenses fizeram em média 3,56 pulverizações aéreas de inseticidas. ?Nesse período de cinco anos, houve aumento de 67,1% no número médio de pulverizações aéreas, isto é, aumento maior que 10% ao ano. Na prática, subiu quase 1,5 aplicações. Isso representa um gasto adicional superior a R$ 100 milhões por safra?, destaca Morales, lembrando ainda que não estão computados os gastos do tratamento da semente, que chegam a 20% do volume total das sementes utilizadas na safra.

Alerta

Em todos os municípios onde a cultura da soja é expressiva, a ação da Emater e de seus parceiros é de alerta aos sojicultores para que eles monitorem o aparecimento das pragas por meio do pano de batida, verificando as espécies que estão ocorrendo e a quantidade delas, para estabelecer o momento ideal de controle e o uso correto do produto. As pragas mais comuns são as lagartas desfolhadoras e os percevejos. ?Isso interrompe um velho hábito incorreto de pulverizações calendarizadas e nem sempre necessárias?, destaca Morales.

Morales lembra, ainda, que as pulverizações inadequadas desequilibram o ambiente e provocam o aparecimento de novas pragas, como é o caso dos ácaros e da lagarta falsa medideira. Morales também é contrário ao famoso ?cheirinho?, hábito do sojicultor em colocar pequena dose de inseticida no momento de aplicações de herbicidas pós-emergentes. ?O produtor acha que isso inibe o aparecimento de pragas, porém ele está provocando a morte de pequenos insetos predadores e parasitóides, que nessa época iniciam a colonização da área e que são benéficos para o controle natural das pragas?, assegura Morales.

O plantio direto, sistema de cultivo adotado pela maioria dos sojicultores como prática conservacionista, também contribui para um novo cenário de pragas. ?Somos integralmente a favor desse sistema de cultivo, embora é importante lembrar que a manutenção de cobertura vegetal na área, sem o revolvimento do solo e com umidade do solo, pode provocar o aumento de alguns insetos de solo e outros animais como lesmas, caracóis e piolho de cobra. Eles precisam ser estudados desde a sua correta identificação, hábitos, comportamentos, danos provocados e a melhor forma de convivência e controle?, conclui Morales.

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