Mais de 24 milhões de brasileiros têm problemas de acesso nas cidades

Brasília ? Cerca de 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência física que os faz enfrentar dificuldades de acesso. Seja de acesso a lugares públicos, à educação e até à comunicação. Para tratar dessa questão, a Secretaria de Direitos Humanos por meio do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) vai lançar no próximo domingo (14) a campanha Acessibilidade – Você também tem compromisso. Segundo a vice-presidente do Conade, Rita Maria Aguiar, a idéia é conscientizar e informar a população e o governo com relação ao respeito às diferenças.

Aguiar informou que a campanha vai lançar três produtos: a marca da acessibilidade, uma revista da turma da Mônica com personagens com deficiência e uma página na internet com o tema acessibilidade – Siga essa Idéia. "A campanha vem em um momento muito importante para que a população entenda mais o significado da palavra acessibilidade e como cada um pode se envolver, se comprometer", afirmou. "Quando falo acessibilidade não é só arquitetônica, mas de comunicação com Libras, em Braille, que as pessoas entendam que quando entra na delegacia uma pessoa com paralisia cerebral ela não é bêbada, apenas tem dificuldade de ambulação [andar] ou de fala".

A vice-presidente do Conade disse também que para que haja escola inclusiva é preciso que a instituição e os professores estejam preparados e que a metodologia seja adequada a todos os tipos de deficiência.

A jogadora de basquete com cadeira de rodas, Cíntia Ribeiro, que atualmente tem 42, sofreu um acidente de carro aos 22 anos de idade que a deixou paraplégica. Ela conta como o esporte a ajudou com relação à acessibilidade. "Antes de entrar no esporte, eu não conseguia andar direito na rua, não subia meio-fio, não subia rampa. Tinha uma série de dificuldade que me impediam de sair de casa", revelou.

"O esporte fortaleceu bastante os braços, o tronco. Moro sozinha, ando na rua, transito apesar de muitas calçadas não terem rampa, não serem acessíveis. Tenho uma certa agilidade para subir um meio fio um pouco baixo ou descer".

Cíntia Ribeiro explica que, apesar da agilidade que adquiriu no esporte, ainda enfrenta dificuldades no dia-a-dia. "Aqui no rio, por exemplo, só têm 14 ônibus com elevador. E não passam no meu local de trabalho. Um acesso bom para a gente é também o metrô, mas ele não passa em qualquer lugar".

A campanha da acessibilidade vai ser lançada durante a 1ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência que começa hoje (12) em Brasília. O encontro, que tem como tema "Acessibilidade ? Você também tem compromisso" vai reunir cerca de 1.500 pessoas entre delegados, eleitos durante as conferências municipais, regionais e estaduais, e convidados. Além disso, artistas com deficiência também farão apresentações.

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