Maioria dos brasileiros resgatados no Líbano retornou, estima consulado

São Paulo – Seis meses depois de encerrada uma das maiores missões de resgate do Itamaraty, mais da metade dos transportados para o Brasil já retornaram ao Líbano. Durante a missão, foram resgatadas cerca de 3 mil pessoas – a maior parte de nacionalidade brasileira – que temiam os conflitos entre o exército israelense e o grupo xiita libanês Hizbollah.

Em entrevista à Agência Brasil, o cônsul-geral do Brasil em Beirute, Michael Gepp, diz que o consulado não tem registros exatos sobre o destino dos resgatados. ?Mas a grande maioria voltou e nós sabemos disso por parentes, amigos e acontecimentos sociais. No Vale do Bekaa [região mais atingida pelos bombardeios israelenses], eles sempre renovam os agradecimentos ao governo brasileiro?, conta Gepp.

Segundo o Consulado do Brasil no Líbano, as pessoas retiradas do país tem dupla nacionalidade, o que permite trafegar livremente entre os dois países, sem a necessidade de vistos. A mesma informação é dada pelo Consulado do Líbano em São Paulo. Pelas solicitações feitas por brasileiros diretamente aos consulados, há quem não retornou ainda por dificuldade financeira.

Atualmente, vivem no Líbano cerca de seis a oito mil brasileiros, de acordo com o cadastro e o alistamento eleitoral feito pelo consulado. O cônsul-geral conta que a situação do país agora é incerta. Na quarta-feira (14), foi realizada uma grande manifestação para relembrar o segundo aniversário da morte do primeiro-ministro Rafic Hariri.

"Houve um comparecimento em massa da população, sem incidente e vários discursos. Agora, isso daqui é uma incógnita, semana que vem pode acontecer algo diferente, nunca se sabe. Na véspera da manifestação houve um atentado a bomba e explodiram dois micro-ônibus que desciam uma montanha transportando passageiros comuns, não eram militares?, diz Gepp.

Durante o conflito do ano passado, uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas propôs um cessar-fogo entre o exército israelense e o grupo xiita, com envio de 15 mil soldados da força de paz para região do Sul do Líbano, onde está localizado o Vale do Bekaa.

Próximo à fronteira com a Síria, o vale concentra boa parte dos brasileiros que vivem em território libanês. Segundo o xeque Abod Nasser, presidente do Departamento dos Imigrantes Libaneses, todos os resgatados pelo Itamaraty já retornaram à região.

"Os brasileiros que moram aqui no Líbano têm a vida normal. Cada um tem trabalho, seus filhos nas escolas e nas universidades. Para gente voltar para o Brasil e iniciar tudo de novo, isso é difícil. Então a única solução, já que terminou a guerra, é voltar para vida normal", diz Nasser.

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