Maior frigorífico da América Latina calcula queda no faturamento de 4%

São Paulo (AE) – O presidente do Friboi, José Batista Jr., minimizou hoje os efeitos da febre aftosa no faturamento do setor frigorífico. Segundo o empresário, o Friboi, considerado o maior frigorífico da América Latina, deve ter uma queda de faturamento de apenas 3% a 4%, apesar do embargo da União Européia à carne de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. "Apenas deslocamos a produção voltada para a exportação para Goiás e Minas Gerais e passamos a destinar a produção de Mato Grosso do Sul para o mercado interno", afirmou Batista Jr. durante o Painel Setorial da Cadeia Industrial, realizado pela empresa de análise de crédito Serasa em São Paulo. Segundo ele, as indústrias que possuem módulos em mais de um Estado devem sofrer impacto limitado com a crise sanitária. "Vai sofrer o frigorífico que só tem unidade em um Estado, como em Mato Grosso do Sul", afirma.

O presidente do Friboi afirmou que a crise da aftosa teve seu lado positivo. "Em primeiro lugar, os preços da carne no mercado internacional subiram e nós descobrimos a importância de São Paulo para a União Européia", afirma. "Além disso, as próprias cotações subiram no mercado doméstico porque não está mais vindo boi de Mato Grosso do Sul para São Paulo."

O empresário observou ainda que a crise pôs em alerta o setor público e privado. "Os pecuaristas, que andavam relaxados, ficaram assustados; os governos estaduais, que andavam despreocupados com a fiscalização de fronteira, estão assustados; e o governo federal, que andava dando pouco dinheiro para a fiscalização, também está assustado. Assim, a tendência é de voltarmos à normalidade."

Batista Jr. exortou o governo a atuar com atenção para cumprir rigorosamente as normas sanitárias internacionais. Segundo ele, o Brasil conquistou muitos mercados por ter a União Européia como cliente. "Mas se a Europa ‘deslistar’ o Brasil, vamos perder rapidamente o que conquistamos", afirmou. Como plano de contingência, o empresário sugeriu que o Brasil tome medidas para reforçar seu mercado interno. "Quando os EUA tiveram a crise da vaca louca, o que salvou o setor foi a resposta do seu mercado interno. O Brasil precisa ter a mesma possibilidade."

Atualmente, o empresário aponta que o Brasil consome 6,5 milhões de toneladas de carne bovina e exporta 2,1 milhões de toneladas. As exportações cresceram 727% em volume de 1996 a 2004. Em receita, o ganho foi de 467%. "Nosso desafio agora é agregar valor às exportações", avalia.

O próprio Friboi encontrou uma forma bastante substancial de limitar seus riscos, com a compra do frigorífico argentino Swift. "Conseguimos fazer um ótimo hedge natural", afirmou. "O Brasil é o maior exportador de ‘corned beef’ e a Argentina é o maior exportador de carne in natura. Juntos, os dois países são indispensáveis para o mercado mundial."

O Friboi abate 3,3 milhões de cabeças ao ano. A empresa atua em 8 Estados e é a 20.ª maior empregadora do Brasil. Em 2004, teve faturamento de R$ 2,2 bilhões e exportou US$ 700 milhões.

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