Mãe de um dos acusados do crime da missionária diz que foi ameaçada

A mãe de Rayfran Neves Sales, o homem que confessou ter atirado na freira Dorothy Stang, foi ameaçada durante uma das sessões do julgamento do filho, em Belém. De acordo com informações dela, ontem, a mulher do fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, o Tato, sentou-se atrás dela, na platéia do tribunal e fez várias provocações. "Ela disse que é para eu tomar cuidado", disse dona Maria Raimunda Sales. No instante em que teria sido feita a ameaça, Rayfran encontrava-se no plenário do tribunal, acusando Tato de ser o mandante da execução da religiosa.

Ontem, Maria Raimunda já tinha dito que temia pela sua segurança e da família diante do poder das pessoas envolvidas no crime. Ela estava acompanhada na ocasião por um dos irmãos do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, outro acusado de ser um dos mandantes do crime.

Ao tomar conhecimento da revelação feita pela mãe do réu o procurador da República no Pará, Felício Pontes, que se encontrava no tribunal encaminhou pedido à Polícia Militar para que garantisse a proteção de Maria Raymunda no tribunal. "Os promotores públicos também irão ouvi-la, porque isso pode trazer mais provas para a condenação dos mandantes do crime", disse Pontes. Logo em seguida, um cabo de polícia foi destacado para permanecer ao lado da mãe de Rayfran e de seu padrasto, também presente no julgamento.

Segundo o procurador Pontes, o Ministério Público não irá descansar enquanto os mandantes não forem condenados. O julgamento dos dois executores da religiosa, disse ele, é apenas o primeiro passo.

O procurador da República também acha que o relato de ameaças é bastante plausível: "Havia uma espécie de pacto entre os envolvidos, que foi rompido e os pistoleiros mudaram o alvo de suas acusações", disse. "Eles mudam de acordo com suas conveniências." Por volta do meio-dia, no intervalo do julgamento para o almoço, o juiz Claudio Montalvão das Neves autorizou a mãe de Rayfran a se encontrar com o filho.

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