Mãe de soldado morto no Iraque desiste de luta pela paz

Cindy Sheehan, a mãe de um soldado morto no Iraque que galvanizou o movimento antiguerra com um protesto de um mês na frente do rancho do presidente George W. Bush no Texas, anunciou que desistiu de ser a face pública do movimento. "Vim pensando porque estou me matando e pensando porque os democratas desmoronaram frente a Bush", disse Sheehan no Texas a caminho de sua nativa Califórnia. "Vou voltar para casa por um tempo e tentar ser normal", explicou.

No que chamou de "carta de renúncia", Sheehan escreveu em seu diário online no blog liberal "Daily Kos": "Adeus América… Você não é o país que amo e finalmente percebi que não importa quanto me sacrifique, não possa torná-la aquele país a menos que você queira. Agora depende de você".

Sheenan deu início a um maciço movimento de paz em agosto de 2005 quando acampou na frente do rancho de Bush por 26 dias, pedindo para falar com o presidente sobre a morte de seu filho, soldado Casey Sheehan, que tinha 24 anos quando foi emboscado em Bagdá. O solitário protesto de Cindy rapidamente atraiu atenção nacional. Nos dois anos seguintes, ele falou a grandes multidões em manifestações antiguerra, mas não escapou de críticas.

Republicanos e democratas

Quando o alvo principal de seu protesto era Bush, ela foi a queridinha dos liberais. "Entretanto, quando passei a cobrar do Partido Democrata o mesmo que cobrava do Partido Republicano, o apoio à minha causa começou a erodir e a "esquerda" começou a me rotular com os mesmo insultos que a direita usava", escreveu Cindy. Ela denunciou como perigosa a "lealdade partidária cega", não importando que lado esteja envolvido, e considerou que o atual sistema bipartidário dos EUA é "corrupto" e "descendendo rapidamente (…) para uma terra devastada de corporações fascistas".

Cindy afirmou ter sacrificado um casamento de 29 anos e enfrentado ameaças para jogar toda sua energia no movimento pela paz. O que encontrou, escreveu, foi um movimento "que muitas vezes coloca o ego pessoal acima da paz e da vida humana". Mas a conclusão mais devastadora a que chegou foi que seu filho "na verdade morreu por nada… Morto por seu próprio país que é governado por uma máquina de guerra que controla até mesmo o que pensamos".

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