Luz acesa

Quem garante é um engenheiro eletricista com grande experiência no setor: não existe a possibilidade de apagão pelo menos até o ano 2010. Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até recentemente secretário executivo do Ministério de Minas e Energia e substituto temporário da ministra Dilma Rousseff, quando de sua passagem para a chefia da Casa Civil.

Há quem se recorde da aparição quase diária desse técnico nos meios de comunicação durante a crise de abastecimento de eletricidade em 2000, um dos mais veementes acusadores do governo FHC por não ter feito investimentos necessários em geração e distribuição de energia.

Ocorre que Tolmasquim mudou de lado e hoje é governo. Apesar das boas intenções do presidente Luiz Inácio e do anúncio da licitação de uma penca de novas usinas hidrelétricas ao longo do ano, não se conhece ainda projeto que tenha cumprido os requisitos e esteja pronto para começar.

Por isso, o tom enfático do presidente da EPE, em tudo idêntico ao dos tecnocratas do governo passado, não deixou de causar certo alvoroço entre representantes do setor privado e membros da Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica.

Para tranqüilizar os mais céticos, Tolmasquim revelou que o risco de apagão estará definitivamente banido com os projetos de geração a serem autorizados e concedidos no leilão de dezembro. O otimismo do técnico parece não levar em conta a tradicional lentidão governamental em questões do tipo.

Diga-se tão só para refrescar a memória dos afoitos que até agora o projeto das parcerias público-privadas (PPPs) não conseguiu libertar-se dos meandros da burocracia e tampouco recebeu a adesão irrestrita dos investidores.

O presidente do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires, crítico da política energética, admoesta que se o País crescer 4% ao ano, se não houver chuvas em escala satisfatória e se o governo não incentivar fontes alternativas de energia, entre 2008 e 2009 os entraves na oferta deverão se manifestar.

Investidores divergem também do preço de compra de energia no leilão de 16 de dezembro, fixado pelo governo em R$ 116 por megawatt/hora. Os empresários querem mais, mas o governo diz que há energia suficiente para atender a demanda a preço menor.

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