Luta contra OGMs será prioridade do Greenpeace em 2005

O Greenpeace Internacional encerrou no fim de semana um encontro com representantes de 20 países que estiveram no Paraná com o objetivo de planejar as ações em defesa do meio ambiente para o ano de 2005 em todos os continentes.

"A reunião no Paraná foi uma solicitação dos escritórios de todo o mundo, que queriam conhecer o Brasil e o maior produtor de soja convencional", explicou o engenheiro agrônomo da Ong Ventura Barbeiro, que informou que a luta contra os transgênicos irá predominar a estratégia de ações globais da entidade.

"O Paraná saiu vitorioso porque o número de agricultores que plantaram transgênicos, apesar de toda pressão do Ministério da Agricultura, representa menos de 0,5% da área plantada com soja no Estado", acrescentou o governador Roberto Requião.

Ventura ressaltou que o produtor tem pouca informação sobre a transgenia e que, por isso, acredita que os custos da produção sejam menores. "A soja transgênica não foi elaborada para produzir mais, mas apenas para ser mais resistente ao herbicida", salientou. "No entanto, a vantagem cai por terra, porque o uso do herbicida aumenta com o passar dos anos", disse ainda.

O diretor-executivo do Greenpeace do Brasil, Frank Guggeheim, também fez um alerta: "Vivemos um momento crítico, às vésperas de uma possível aprovação do plantio desta soja pelo Congresso Nacional".

O encontro mundial da Ong ocorreu simultaneamente ao lançamento da cartilha do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), organização não-governamental (Ong) financiada pelas multinacionais Monsanto, Dupont do Brasil, Syngente Seeds e Dow Ageoscienses e que defende a transgenia.

Rejeição

Para a coordenadora da campanha mundial contra OGMs do Greenpeace International, Olivia Langhoff, as ações de conscientização no mercado europeu alcançaram os objetivos. "A rejeição no mercado europeu é crescente e irreversível. Nosso próximo passo é avançar na conquista de legislações a favor das áreas livres de transgênicos", afirmou. Olivia também citou a união de regiões e províncias de diferentes nacionalidades para o aumento da rejeição.

A unanimidade ganhou força em recente encontro destas províncias, avaliou o francês Eric Gall, conselheiro do Greenpeace para a Comunidade Européia. Ele destacou a postura do Paraná, conhecida pelos participantes do encontro através do relato da vice-presidente da província da Bretanha, Pasquale Loget, que visitou o Estado no ano passado para conhecer o trabalho da Claspar, empresa que vistoria as exportações no Porto de Paranaguá.

Área livre de transgênicos desde o ano 2000, a região de Toscana, na Itália, teve representante no encontro realizado na Europa e na reunião promovida pelo Greenpeace nesta semana no Paraná. De acordo com representante Federica Ferrario, a região foi a primeira do país a se tornar área livre por temer que os OGMs acabassem com seu referencial de qualidade. "Nossa produção é tradicional, em pequena escala e tem a qualidade como seu principal atrativo", afirmou.

Austrália

Situação semelhante foi verificada na Austrália, país cujo mercado consumidor obrigou os fabricantes de alimentos a não utilizarem matéria-prima transgênica. "A rejeição é crescente entre os fabricantes de alimentos para humanos e, nas últimas semanas, as três maiores empresas de criação de aves ? Inghams, Bartter Steggles e Baiada – anunciaram que não utilizarão OGMs", ressaltou John Hepburn, coordenador da campanha contra transgênicos entre os australianos.

Hepburn lembrou ainda que as empresas respondem juntas por cerca de 80% das vendas de produtos avícolas e são responsáveis pela maior parte das 300 mil toneladas de soja importadas pela Austrália.

"As empresas atenderam um pedido do consumidor", disse Hepburn ao informar que mais de 70% da população australiana manifestam repúdio aos transgênicos. Dados do Ministério do Desenvolvimento revelam que quase metade da soja importada pela Austrália é do Brasil. "A rejeição pode beneficiar o Brasil e em especial do Paraná, que pode se candidatar como grande fornecedor de soja convencional para o mercado australiano", destacou.

O chefe de análise de mercado do Greenpeace Internacional, Lindsay Keenan, afirmou que a imagem do Brasil como área livre de transgênico fortalece até o turismo. "É que o europeu vem ao país também para conhecer as belezas naturais acreditando que existe uma preocupação com o meio ambiente". 

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