Lula se reúne com Calderón e Bachelet

Um café da manhã salvou a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiana, único país de língua inglesa da América do Sul. Antes da reunião do Grupo do Rio, organismo formado por 20 países da América Latina e sem função prática há mais de uma década, Lula tomou café da manhã com dois interlocutores influentes da diplomacia do continente, o presidente do México, Felipe Calderón, e a presidente do Chile, Michellet Bachelet.

A conversa foi comemorada por diplomatas do Itamaraty, que não escondiam o desconforto em justificar a reunião do Grupo do Rio. Na noite de sexta-feira, antes de um show de grupos folclóricos, o presidente brasileiro já tinha conversado com a colega chilena. Os dois assistiram a apresentação de um grupo indígena.

O Itamaraty não havia divulgado até as 11 horas (12 horas em Brasília) o teor da conversa de Lula com Bachelet e Calderón. O encontro minimizou a repercussão negativa das ausências do argentino Néstor Kirchner e do venezuelano Hugo Chávez. Desde os preparativos da reunião do Grupo do Rio, Kirchner já avisara que mandaria um representante. Chávez, porém, só anunciou que não viajaria para a Guiana na última hora. Equipes da segurança presidencial e jornalistas da imprensa oficial da Venezuela chegaram a se deslocar para Georgetown. A delegação venezuelana não informou o motivo da ausência do presidente. Lula só decidiu ir para a Guiana justamente pela oportunidade de tirar de Chávez os holofotes.

Nos últimos tempos, Chávez passou a injetar até dinheiro em países vizinhos para se firmar como líder político na América Latina. A ambição dele se choca com os interesses do presidente Lula, que tenta se colocar como principal interlocutor, na região, de países desenvolvidos, especialmente dos Estados Unidos. Sem Chávez e outros nomes da esquerda radical, como o boliviano Evo Morales, a reunião do Grupo do Rio foi marcada pela presença da direita (Calderón) e dos moderados (Lula e Bachelet).

Também participaram da reunião de ontem chefes de Estado da Guiana (país anfitrião), Honduras, República Dominicana, Belize, Nicarágua e Panamá. Até as 11 horas (12 horas de Brasília), os organizadores do evento não tinham divulgado a íntegra da declaração que os presidentes assinariam. Diplomatas brasileiros anteciparam que o grupo iria incluir no documento a cobrança de ajuda financeira dos países ricos ao Haiti e destacar a importância da produção de combustíveis renováveis para o desenvolvimento econômico das nações pobres.

Tendo conquistado a independência do Reino Unido em 1966, a Guiana tenta sair do atraso e da pobreza. O país tenta uma integração com o vizinho Brasil e, ao mesmo tempo, garantir os benefícios concedidos pela Comunidade Européia às ex-colônias na América Central. Atualmente, o país se mantém com a produção de cana-de-açúcar e a exploração de recursos minerais. A população é formada basicamente por descendentes de africanos e de indianos, que foram levados pelos ingleses para trabalhar na antiga colônia. O país conta ainda com grupos indígenas. A Guiana só perde para a Bolívia nos índices de miséria na América do Sul.

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