Lula sanciona projeto de lei do ProUni

Entre gritos e assobios de futuros estudantes universitários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou hoje a sanção do projeto de lei que cria o programa Universidade para Todos (ProUni). Em seu discurso, Lula classificou o ProUni, que criou bolsas de estudo para estudantes carentes em universidades particulares, de "o grande programa do nosso governo para educação". O programa vai beneficiar 112.416 pessoas que receberão bolsas integrais ou parciais (pelo menos 50% do valor) para estudar em universidades privadas.

"O ProUni é um extraordinário começo. Eu acho que nós vamos avançar a cada ano e, na medida em que a gente vá provando o acerto da decisão, a gente vai ter muito mais vagas, a gente vai ter outras universidades entrando no convênio e vai poder ter muito mais alunos", disse o presidente.

Lula aproveitou seu discurso para defender o programa das críticas que tem recebido na forma de conselhos aos estudantes. Afirmou que as críticas vêm de pessoas que, antes do programa, nunca falaram na falta de acesso dos mais pobres à universidade porque não se importavam com o assunto.

"Na hora que vocês entram, e no Brasil sempre foi assim, na hora em que o pobre conquista um milímetro de espaço, ele incomoda, mesmo que não tenha tirado um milímetro de espaço dos ricos, mas eles ficam incomodados: ‘como é que o pobre está alcançando uma coisa que até então não era para pobre?", disse.

Lula defendeu o programa com a idéia de que, assim como a universidade pública, o ProUni é uma forma de dar ensino gratuito para os mais pobres porque o Estado nunca poderá bancar ensino público para todo mundo.

"Sempre haverá universidade particular e o fato de criarmos esta bolsa é dizer claramente o seguinte: nós estamos fazendo com que na escola particular centenas ou milhares de alunos possam estudar sem pagar um único centavo, que é a mesma obrigação que o Estado tem com aqueles que estão na escola pública federal", afirmou.

A cerimônia, de quase duas horas, foi marcada pela vibração de estudantes do Movimento dos Sem Universidade (MSU) e ligados à organização não-governamental EducAfro, que faz cursinhos pré-vestibulares gratuitos para estudantes negros e pobres.

Entusiasmados, os estudantes aplaudiram Lula e o ministro da Educação, Tarso Genro.

Depois de ouvir um representante do Movimento dos Sem Universidade citar os músicas de Mano Brown e dos Titãs, o presidente usou o fato para afirmar que, no seu governo, há mais sensibilidade e uma relação mais próxima com a realidade do povo brasileiro.

Lula chegou a dar mais uma alfinetada indiretamente no seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, dizendo que dificilmente num ato na Presidência da República os dois músicos seriam citados. "Teriam citado outras personalidades do mundo intelectual e nunca dois intelectuais bem próximos da periferia" afirmou.

Depois de classificar o ProUni como o "maior programa desse governo", o ministro Tarso Genro usou seu discurso para também defender o programa das críticas. De acordo com o ministro, quem critica o programa "ou já está formado, ou estuda em escola pública ou é leigo" e desconhece o assunto.

"Esse é um programa para pobres e afrodescendentes, o que irrita ainda parte da nossa elite. Esses pequenos setores da nossa elite ainda foram secundados por outros que se autodenominam revolucionários. É bom que se grave a postura dessas pessoas", disse. O ministro enfrentou, há cerca de uma mês, uma manifestação contra a reforma universitária e o ProUni liderada pela sua filha, a deputada federal Luciana Genro (sem partido-RS).

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