Lula rebate críticas à política social em improviso de 33 minutos

Tenente Portela, RS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer hoje que os movimentos sociais terão mais dificuldades de serem atendidos por outro governo. Em visita à aldeia dos índios caingangues, ele rebateu críticas à política social, disse que uma minoria quer ficar com todo o dinheiro do Estado e reclamou do calote dado pelos grandes fazendeiros. "Não tenham medo de reivindicar", afirmou. "Se tem de reivindicar aproveitem e reivindiquem no meu governo, pois se eu não atender, muito mais difícil será ser atendido depois."

No discurso de 33 minutos, boa parte de improviso, Lula citou as críticas ao programa Bolsa Família. "Eu sei que muita gente não gosta e queria que a gente gastasse todo o dinheiro do Estado apenas com a aquela parte que há 500 anos recebe esse dinheiro", afirmou. "Achamos que o dinheiro do Estado deve ser repartido de forma justa", completou. "Vocês não imaginam quanta crítica eu recebo porque repassamos R$ 8 bilhões para o Bolsa Família."

Lula salientou que "mais extraordinário" não é investir em pontes e postes, mas em melhoria de vida das pessoas. "Tem gente que diz assim: o Lula ao invés de gastar dinheiro fazendo isso deveria estar fazendo outra coisa", reclamou. Ele brincou ao falar da inauguração de uma rádio comunitária na aldeia que só transmitirá notícias nas línguas caingangue e guarani. "Fico pensando como eles vão falar mal de mim nessa rádio", brincou. "Mas podem fazer crítica, é saudável."

Lula evitou comentários sobre a crise política e as denúncias contra o governo e voltou a dizer que nada é impossível quando se pensa em melhorar a vida da população pobre. "Estou aprendendo, e lamentavelmente só aos 60 anos e no último ano de governo, que não existe nada impossível, que não existe nada impossível", ressaltou. "A única coisa impossível é Deus pecar."

Antes do discurso do presidente, um agricultor chamou a atenção na platéia. "Lula, salve a agricultura", gritou o homem. Lula, por sua vez, voltou a reclamar dos caloteiros do setor. "Alguns neste País não pagam (a dívida) quando você faz o refinanciamento", disse. "Se a gente não der um chega para lá nisso, você estimula os honestos a virarem desonestos, pois passa a ser vantagem não pagar", completou. "É preciso separar laranjas podres das boas para não perder o pomar."

Ele disse que, há pouco tempo, vetou um projeto aprovado pelos parlamentares que beneficiaria 590 grandes produtores em dívida com o governo e custaria R$ 7 bilhões aos cofres públicos. "Em época de eleição aparecem muitos planos salvadores no Congresso" afirmou. "Preferimos atender aos pequenos produtores."

Lula salientou que o "céu" costuma se "rebelar", causando enchentes e secas. "Temos de saber o que é crise e o que é esperteza, não abro mão da seriedade", disse. "Tem gente que reclama da seca, que o preço do milho caiu ou o câmbio caiu", afirmou. "Vamos ajudar no que for possível."

O governo investiu R$ 2,5 milhões na rede de energia elétrica na reserva indígena. O programa Luz para Todos está beneficiando um total de 1.071 famílias caingangues. Números do Ministério de Minas e Energia indicam que 2,8 milhões de famílias foram beneficiadas pelo programa em todo o País. Ele disse que o projeto Luz para Todos já usou uma quantidade de fios que dá três voltas em torno do globo. "É fio para enrolar a Terra três vezes", brincou.

Diferentemente de outras visitas de Lula ao Rio Grande do Sul, o governador gaúcho, Germano Rigotto (PMDB) não compareceu à solenidade na reserva dos caingangues. Lula esteve acompanhado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

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