Lula passa o dia em churrasco com sambistas

Na tarde em que petistas reagiam às acusações do médico João Francisco Daniel de que havia um suposto esquema de propina na prefeitura de Santo André, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez uma opção pela música. Lula passou a tarde na casa do cantor Zeca Pagodinho, no distrito de Xerém, na Baixada Fluminense, em um churrasco com sambistas.

Ouviu samba de raiz e pagode, visitou a escola de música e dança para 300 crianças pobres criada pelo pagodeiro, tomou cerveja e provou a carne com farofa. Não quis, porém, falar no assunto do dia. Pelos assessores, informou que não daria entrevista, pois não fazia parte da programação, e comunicou que seu partido se manifestaria por meio de uma nota oficial.

O dirigente petista Delúbio Soares, tesoureiro da campanha de Lula, fez um breve comentário sobre as acusações do irmão de Celso Daniel. “Estão matando o Celso pela segunda vez”, lamentou. Soares disse que o PT vai estudar as medidas a tomar, mas não fez qualquer comentário sobre a reação de Lula à notícia do depoimento sigiloso do médico.

O mangueirense Nelson Sargento, o portelense Wilson Moreira, Neguinho da Beija-Flor, Wilson das Neves, da Velha Guarda do Império Serrano, Elson do Forrogode, Eliane Faria, filha de Paulinho da Viola, e Luiz Carlos da Vila foram alguns dos sambistas que participaram da festa, idealizada pelo candidato ao Senado pelo PT do Rio, Edson Santos.

Lula ficou mais tempo dentro da casa de Zeca Pagodinho, conversando com os pais do cantor e com os sambistas mais conhecidos. Por duas vezes, aproximou-se da roda de samba, cantou alguns trechos que conhecia e aplaudiu os músicos. Logo na chegada, entusiasmou-se com um samba feito em sua homenagem e cantado por Leandro Dimenor, com o refrão: “Então vamos preservar/ Se você quiser mudar/ Lula!”

O candidato fez dois pequenos pronunciamentos. Lula contou que, certa vez, em conversas com amigos paulistas, ouviu críticas a Zeca Pagodinho “porque ele bebe”. E respondeu: “Pois gosto dele exatamente porque ele bebe. Há muito preconceito. No Brasil, para fazer sucesso tem que ser da elite. Nascer pobre e virar um extraordinário cantor não está na nossa história. Já fui vítirma do preconceito. Também não está previsto na história do Brasil um metalúrgico ser candidato a presidente, se vestir bem. De preferência, que continuasse metalúrgico.”

Zeca Pagodinho, que conseguiu recursos do governo da petista Benedita da Silva para sua escolinha, num total de R$ 142 mil a serem pagos até o fim do ano, foi objetivo ao comentar a festa para Lula, antes da chegada do candidato: “Aqui a gente precisa de ajuda. Quem chegar para ajudar é bem-vindo. O Lula é povo, tenho muita simpatia por ele.” Durante toda a festa, Lula foi cercado pelo comerciante Ronaldo Betão, dono de lojas de móveis na região e candidato a deputado pelo PSDB, partido coligado ao PL, que deverá formalizar aliança nacional com o PT.

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