Líder petista alerta partido para sucessão na Câmara

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), reconheceu que o partido terá de negociar mais com os aliados se quiser emplacar o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) na presidência da Câmara no lugar do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Na avaliação de Fontana, entre 100 e 110 deputados de partidos da base votaram a favor do candidato Aroldo Cedraz (PFL-BA) e derrotaram o deputado governista Paulo Delgado (PT-SP) na eleição de ontem para a vaga do Tribunal de Contas da União (TCU).

"A eleição para o TCU mostrou um problema real que nós temos de enfrentar", afirmou Fontana. "A base tem de assumir uma outra postura em relação à presidência da Câmara. Não vamos ter a repetição de ontem na eleição de fevereiro", continuou o líder. Fontana mais uma vez defendeu o direito do PT em lançar um candidato à disputa pela presidência da Casa. "Se o recado (derrota na eleição para o TCU) foi o veto ao PT, é um erro político da base", avaliou o petista. "Não vetamos ninguém nem aceitamos ser vetados nessa disputa", disse. Fontana atribuiu a um "erro da base" a derrota de Delgado e a vitória do deputado pefelista.

Na Câmara, a avaliação entre os deputados governistas e de oposição é que a derrota de Delgado no dia seguinte ao lançamento da candidatura Chinaglia à presidência foi um aviso da base contra o projeto de poder do PT. Fontana e deputados petistas acreditavam que os partidos da base que realizam a prévia que escolheu Delgado votariam no único candidato governista. Delgado obteve 148 votos no plenário. Ele teria vitória garantida se os 213 deputados que participaram da prévia votassem a seu favor. "O PT precisa descobrir que há vida inteligente fora do PT", avaliou o deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), um dos candidatos que abriram mão da candidatura ao TCU a favor de Delgado, depois da prévia entre os partidos aliados.

Irritado, o deputado Carlito Merss (PT-SC) atacou os partidos da base. "Isso não é traição, é falta de escrúpulos. Quem participa de um acordo tem de cumpri-lo", disse. "Até na guerra há regras e acordos que são cumpridos. Aqui não há regra", continuou. "Se nem uma regra acordada vale, o que vai valer daqui para frente, qual vai ser a relação de confiança, sangue no sangue?", questionou Merss.

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