Lembo contraria Saulo e rejeita vínculo entre PT e PCC

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), disse nesta quarta-feira (09) não acreditar que o PT possa estar por trás dos ataques que o PCC vem realizando em todo o Estado. "Não posso acreditar que o PT está por trás desses ataques", afirmou, contrariando a declaração dada por seu secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro, de que o PT poderia estar vinculado aos ataques desta facção criminosa.

A afirmação do governador foi feita após um encontro no Palácio dos Bandeirantes com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Sem entrar na polêmica das acusações feitas por Saulo, Aécio criticou a politização e o uso eleitoreiro da crise da área de segurança pública em São Paulo. "Esta é uma coisa de tamanha gravidade que não temos o direito de colocar (os ataques) no patamar da disputa eleitoral. É uma questão que deve se enfrentada com profissionalismo para que o inimigo seja vencido", argumentou o tucano.

Questionado se iria repreender o seu subordinado por causa da vinculação que fez do PCC com o PT, Lembo respondeu: "ele (Saulo de Castro) já está sendo processado (pelo PT)". O governador admitiu, porém, que irá conversar com o secretário de Segurança Pública para que episódios como este não se repitam. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia criticado a postura do secretário de segurança paulista, e garantiu que iria solicitar ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que conversasse com Saulo afim de que o assunto fosse tratado com mais seriedade e não através de críticas na imprensa

Apesar de criticar a politização deste tema, o governador de Minas Gerais voltou a lembrar a falta de repasses federais para a área de segurança pública. Segundo ele, estados como Minas e São Paulo estão com os recursos deste setor contingenciados pelo governo Lula. "Assim como nosso candidato (o tucano Geraldo Alckmin), Lula poderia assumir o compromisso de não contingenciar estes recursos", destacou Aécio Neves. Ainda nas críticas ao governo Lula, Aécio disse que esses recursos já deveriam ter sido liberados antes do início desta crise que está ocorrendo em São Paulo. "O governo federal vem se pautando pelo improviso", emendou ele, citando como exemplo a operação tapa-buracos realizada pelo governo federal em todo o País.

Lembo voltou a recusar a oferta de tropas federais para conter os ataques do PCC no Estado. "Agradeço a solidariedade do presidente Lula com São Paulo, e acho que ele está preocupado com São Paulo e com o Brasil", disse o governador. Apesar disto, reiterou que o Exército "é uma tropa nobre, que deve ser preservada para defender a soberania nacional, e não para fazer guarda de muralhas de presídios". A proposta de colocar o Exército como guarda de muralhas chegou a ser defendida por alguns candidatos que disputam essas eleições, inclusive o tucano José Serra, que pleiteia o Palácio dos Bandeirantes.

Lembo disse também que não se sente pressionado pelo Planalto por conta das inúmeras ofertas de ajuda federal oferecidas por Lula e Thomaz Bastos. "Só fico constrangido com as pessoas que querem tirar proveito deste episódio", disse ele sem citar nomes. Indagado sobre quem estaria querendo tirar proveito da situação, emendou: "leiam nos seus jornais".

Para o governador paulista, o momento exige tranqüilidade e equilíbrio, porque "o Brasil e São Paulo não estavam preparados para os ataques do crime organizado". Lembo afirmou também que a liberdade provisória que os presos terão no Dia dos Pais "cria uma interrogação". Apesar do questionamento, ele disse não acreditar em novos ataques.

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