Jornalistas têm dificuldades para relacionar acidentes a trabalho, diz sindicalista

Brasília – Acidentes automobilísticos, lesões por esforços repetitivos (LER) e alcoolismo são as doenças que mais afastam os jornalistas do trabalho. A afirmação foi feita pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino. A profissão foi uma das que alcançaram índice máximo de exposição a acidentes, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social.

?Como o jornalista circula muito de carro, os acidentes automobilísticos provocam muitos problemas", disse Schettino. Ele citou também as lesões por esforço repetitivo, que, em alguns casos, se transformam em doenças. Havia, algum tempo atrás, o problema do alcoolismo entre jornalistas, mas, para Schettino, a incidência dessa doença parece estar diminuindo na categoria.

O sindicalista ressaltou que, embora a LER possa ser considerada uma doença típica de jornalistas, muitas vezes, a empresa não a reconhece como sendo causada pelo trabalho. ?Tem empresa que contrata seu médico, que não reconhece o atestado apresentado pelo empregado e, muitas vezes, comete injustiça. Comete um erro grave, impedindo que a pessoa seja beneficiada pelo INSS [Instituto Nacional do Seguro Social].?

Schettino destacou também que, muitas vezes, por não conseguir provar que está doente, o jornalista continua trabalhando, o que agrava a doença. Por isso, ele considera o decreto assinado há uma semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permitindo que o trabalhador obter o seguro de acidente de trabalho sem depender do empregador,  ?é uma medida correta, porque preserva a saúde do trabalhador independentemente da vontade do patrão?.

Para ele, uma das principais dificuldades do jornalista para ter acesso ao seguro de acidente de trabalho é o fato de a maioria deles estar na informalidade ou se registrar como pessoa jurídica para receber um salário maior. ?É o chamado PJ [pessoa jurídica]. É muito grande a incidência. As redações praticamente não têm mais empregados. Todos são pessoas jurídicas.?

Segundo Schettino, boa parte das empresas que atuam em Brasília  utiliza esse recurso. É o ele chama de ?precarização do trabalho do jornalista em alto grau?. Embora nenhum jornalista tenha entrado na Justiça ou procurado o sindicato por conta disso, o Ministério Público tem questionado essa relação, observou. ?Enquanto o repórter é jovem, acha que vai sobreviver o resto da vida sem se preocupar. Aí, no dia em que adoece, vem aqui no sindicato perguntar o que deve fazer, porque está doente, não tem INSS e perdeu o emprego.?

O sindicalista lembrou que, quando um jornalista que recebe como pessoa jurídica e não recolhe INSS é demitido, enfrenta muitas dificuldades para ter seus direitos reconhecidos. ?Ele vai procurar a Justiça do Trabalho e tentar reconhecer o seu vínculo empregatício. Se o juiz entender que ele tem direito ao retroativo, aí vira uma ação na Justiça do Trabalho que ninguém sabe quanto dura.?

Schettino avaliou como positiva a criação do Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária, segundo o qual, o trabalhador, para ter direito a todos os  benefícios da Previdência Social,  poderá optar por um desconto de 11% no seu salário e não mais de 20%.

?É uma medida correta e muito útil para a classe trabalhadora, porque não só insere no INSS essa faixa de trabalhador que estava fora e como dá uma certa uma proteção, para as pessoas que estejam trabalhando informalmente.?

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