Jereissati quer que Lula abra mão de disputar reeleição

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abra mão de disputar a eleição de 2006 para evitar a propagação da crise política. Jereissati até mesmo informou que pretende dar parecer favorável, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a uma proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a reeleição para presidente e vice-presidente. O relatório ainda não está concluído. Falta resolver dúvidas com relação aos prefeitos e governadores. Ele passou o fim de semana em Fortaleza e embarcaria hoje à noite para Brasília.

"A reeleição não deu certo. Não foi boa para o governo Fernando Henrique, não será boa agora", argumentou. A mudança – caso seja aprovada – teria validade apenas em 2010 e entraria no conjunto da reforma política. Por isso, Jereissati sugere que Lula, por iniciativa própria, não dispute um novo mandato.

De acordo com o senador do PSDB do Ceará, o PT deteriorou-se, rapidamente, mas a figura do presidente continua preservada. É o que mostra, por exemplo, a pesquisa do Instituto Ipsos divulgada pela revista "Veja" desta semana. Segundo a consulta, apesar de a maioria acreditar que Lula sabia do esquema do "mensalão", 55% da população brasileira afirmam que ele é honesto. Segundo Jereissati, a ausência de Lula no processo sucessório de 2006 asseguraria estabilidade política ao País e manteria a imagem dele intacta.

O senador do PSDB é relator de um pacote de seis PECs. Algumas delas propõem o fim da reeleição apenas para prefeito; outras barram apenas a reeleição para Presidência da República, e também há aquelas que impedem qualquer recondução nas três esferas de Poder. Todas foram apresentadas entre 1999 e 2004. Por afinidade de tema, passaram a tramitar em conjunto. Curiosamente, Jereissati era a favor da reeleição. Apresentou, em novembro de 2003, um parecer contrário a esse mesmo conjunto de emendas na CCJ. O documento sequer seguiu para votação porque novas propostas foram anexadas ao bloco.

O senador disse ter mudado de lado por causa do vulto que toma a crise na qual mergulham o PT e o governo. "É um sentimento geral (no Senado), o de que (a reeleição) não deu certo", sustentou.

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