Israel quer expansão de colônias judaicas na Palestina

O governo israelense anunciou nesta segunda-feira (04) a abertura de uma licitação para a construção de mais 700 casas em colônias judaicas estabelecidas em áreas palestinas ocupadas na Cisjordânia. Trata-se do maior projeto de habitação em assentamentos judaicos anunciado pelo governo desde a posse do primeiro-ministro Ehud Olmert, em maio.

O Ministério da Habitação publicou anúncios em jornais israelenses aceitando propostas para os novos projetos de expansão dos assentamentos judaicos de Maaleh Adumim e Betar Illit, ambos nos arredores de Jerusalém. Kobi Bleich, porta-voz do ministério, confirmou que o projeto é o maior já anunciado pelo atual governo, eleito com uma plataforma política que prometia desmantelar a maior parte dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.

Numa outra ocasião, o governo Olmert abriu concorrência para a construção de 98 habitações em colônias judaicas em território palestino. Apesar de defender a retirada, Olmert tem dito com freqüência que pretende manter as principais colônias, inclusive Maaleh Adumim e Betar Illit, depois de um eventual acordo definitivo de paz entre israelenses e palestinos. Ao todo, mais de 60.000 pessoas vivem nos dois assentamentos judaicos.

Desde meados de julho, quando Israel e o grupo guerrilheiro pró-iraniano Hezbollah travaram uma guerra de 34 dias no Líbano, Olmert congelou seu plano de retirada, deixando no ar o futuro dos assentamentos judaicos construídos na Cisjordânia. Os palestinos reivindicam toda a Cisjordânia como parte de um futuro Estado independente, soberano e viável. O território foi tomado por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.

Altos funcionários da Autoridade Nacional Palestina (ANP) não foram encontrados para comentar a abertura de concorrência pública para a expansão das colônias judaicas. Os Estados Unidos e outros países não reconhecem os assentamentos e consideram as atividades de expansão dessas estruturas um obstáculo à paz no Oriente Médio.

Entretanto, o presidente dos EUA, George W. Bush, sinalizou recentemente que aceitaria a manutenção de algumas colônias por parte de Israel num eventual acordo de paz com os palestinos. Hoje, o porta-voz da Embaixada dos EUA em Tel-Aviv, Stewart Tuttle, insistiu que as fronteiras definitivas precisam ser estabelecidas em negociações. "A posição americana não mudou. O governo israelense não deve expandir esses assentamentos. Mesmo que essas unidades façam parte de colônias que Olmert pretenda manter como parte de seu plano, a posição americana é de que as fronteiras entre Israel e um futuro Estado palestino devem ser negociadas", declarou.

O grupo pacifista Peace Now, que defende o desmantelamento de todas as colônias judaicas estabelecidas em territórios palestinos ocupados, disse ter a esperança que o governo Olmert ao menos congele a expansão dos assentamentos, conforme prometido por Tel-Aviv há três anos, quando foi assinado o roteiro para a paz.

O roteiro é um plano de paz estagnado praticamente desde seu anúncio, em meados de 2003, porque tanto israelenses quanto palestinos desrespeitaram suas cláusulas. Enquanto isso, Olmert comentou hoje durante uma reunião a portas fechadas que recuaria do plano unilateral de retirada da Cisjordânia que o levou ao poder sob o argumento de que Israel precisa negociar a paz com os palestinos. Não há contatos oficial entre Israel e a ANP desde janeiro, quando o grupo islâmico Hamas, que prega a destruição do Estado judeu, venceu por ampla margem as eleições gerais palestinas.

"Não temos questões mais urgentes do que a necessidade de paz com os palestinos", declarou Olmert durante sessão da influente Comissão de Defesa e Relações Exteriores do Parlamento israelense, revelou um participante. Miri Eisin, uma porta-voz do governo, disse que Israel não imporia condições prévias a uma eventual reunião entre Olmert e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que pertence à Fatah, rival do Hamas. No passado recente, Abbas condicionou reuniões do gênero à libertação de parte dos prisioneiros palestinos mantidos em penitenciárias israelenses. Israel alega que não libertará prisioneiros enquanto militantes palestinos mantiverem na condição de refém o cabo Gilad Shalit, capturado por rebeldes armados em 25 de junho.

Em Paris, o presidente da França, Jacques Chirac, pediu a convocação de uma nova reunião do Quarteto de mediadores, grupo que formulou o roteiro para a paz. Jerome Bonnafont, porta-voz de Chirac, disse que o presidente não falou sobre quando deveria ocorrer a reunião. O Quarteto é composto por Estados Unidos, União Européia (UE), Rússia e Organização das Nações Unidas (ONU).

Voltar ao topo