Indústria de TVs quer benefício para produzir componentes

Brasília – Representantes da indústria de televisores pediram hoje (10) ao governo que parte dos recursos prometidos ao Brasil pelos consórcios estrangeiros, detentores da tecnologia de TV digital, seja investida na indústria de componentes e na pesquisa e desenvolvimento de software. Eles esperam para a quarta-feira a publicação do relatório da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CPqD) com os estudos técnicos sobre a implantação da TV digital no País.

"Para nós, a coisa mais importante é que uma parte substancial das contrapartidas oferecidas pelos consórcios seja colocada na indústria de componentes porque é ela que vai determinar a capacidade do País de ter custos baixos, não ter dependência externa e ser exportador", disse o vice-presidente da Samsung, Benjamin Sicsú. Ele representou a Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) em reunião hoje (10) com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Os investimentos seriam necessários porque o Brasil importa atualmente mais de 85% dos componentes usados nos televisores que têm tela de cristal líquido (LCD). Já existem no Brasil fábricas de componentes para os televisores que usam tubo de imagem, mas esses aparelhos estão sendo substituídos por televisores com tela de cristal líquido. "Se nós tivermos que importar tudo para depois exportar, nós deixamos de ser competitivos" afirmou Sicsú.

Segundo ele, independentemente do padrão que vier a ser escolhido para a TV digital, o importante para a indústria é ter competitividade para exportar. Sicsú disse ainda que é fundamental que se invista em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, como softwares. "É importante que alguma coisa seja feita aqui para a gente ter poder de barganha". Até o momento, japoneses e europeus ofereceram cerca de 400 milhões de euros e os americanos US$ 150 milhões, além de financiamento para a troca de equipamentos das emissoras de TV.

Com a divulgação dos estudos técnicos, será feito um debate, ainda sem data marcada, entre pesquisadores e indústria sobre o resultado das pesquisas. A ministra Dilma disse na reunião, segundo relato de Sicsú, que "não é a questão técnica que vai prevalecer na escolha do padrão de TV digital". Segundo ele, outros aspectos serão considerados, como variáveis políticas, sociais e estratégicas.

Na opinião do executivo, não haverá muito mais novidades tecnológicas que possam modificar a avaliação do governo sobre esse ou aquele padrão. "Não vai mudar muito nos próximos cinco meses", afirmou. Agora, a discussão, segundo ele, está concentrada no modelo de negócios para a indústria, emissoras de TV e empresas de telecomunicações.

Sicsú disse que alguns executivos perguntaram à ministra se haveria tempo para fazer testes e que Dilma teria dito que não se pode esperar muito. "Ela disse que todo mundo pode fazer o que quiser, mas o governo não está a fim de demorar muito nessa decisão", afirmou. A ministra também deixou claro que o governo brasileiro "quer muito" tomar uma decisão sobre a TV digital em conjunto com a Argentina. Estavam presentes ainda representantes da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

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