Indígenas liberam rodovia Transamazônica, mas cobram pedágios

Manaus – Os mil moradores da terra indígena Tenharim do Marmelo, no quilômetro 145 da BR-230, já desbloquearam a rodovia (conhecida como Transamazônica), mas estão cobrando pedágio dos motoristas. A informação foi passada nesta quarta-feira (11) à Radiobrás pelo plantonista do Centro de Informações Operacionais (Ciops) da Polícia Rodoviária Federal em Rondônia, Daniel Reis ? e confirmada pelo cacique Humberto Terena, da comissão indígena que está em Brasília, e pelo comerciante Leonir Galvan, morador de Apuí, no Amazonas, município afetado pelo protesto.

De acordo com Reis, a liberação da rodovia aconteceu ontem (10), após dez dias de bloqueio. ?Os seis policiais rodoviários federais que estavam no local garantindo a segurança dos motoristas e manifestantes já voltaram a Porto Velho?, contou o inspetor. ?Eles não puderam fazer nada contra a cobrança de pedágio, até porque eram seis pessoas para mil manifestantes?.

?Eles estavam cobrando R$ 60 cada caminhão, R$ 20 cada caminhonete e R$ 10 cada moto?, detalhou Galvan. ?Agora há pouco soubemos que a rodovia já foi bloqueada novamente?, acrescentou. A Polícia Rodoviária Federal e comissão indígena, que está em Brasília negociando com a Fundação Nacional do Índio (Funai), não têm ainda informações sobre o possível novo bloqueio.

O comerciante reclamou dos prejuízos que os 30 mil moradores de Apuí tiveram com a interrupção do trânsito na rodovia. ?Ficamos cinco dias sem telefone, 10 dias sem energia. Havia energia apenas quatro horas por dia (porque a cidade ficou desabastecida de óleo diesel para movimentar o motor gerador)?, contou.

O diretor de Assistência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Slowacki Assis, lembrou que não há regulamentação sobre a cobrança de pedágio em terras indígenas. ?Então, a rigor, é uma cobrança ilegal. Eu não sabia disso, mas caso se confirme, vamos orientar as lideranças a interromperem essa prática?, acrescentou.

Terena afirmou que o cacique Aurélio Tenharim, que também estava em Brasília, viajou ontem à noite para Porto Velho. Ele deve seguir para o local do conflito, com o objetivo de orientar os indígenas a não cobrarem pedágio. ?A comissão indígena ficou preocupada quando soube da cobrança. Mas, ao que parece, ela aconteceu porque os manifestantes estavam sem recursos para alimentação?.

O protesto na Transamazônica é por mais verbas para as ações da Funai em Rondônia e no sul do Amazonas, onde vivem cerca de nove mil indígenas de 45 povos. Hoje, a Funai anunciou que houve acordo para encaminhar ao Ministério da Justiça um pedido de cŕedito extra de R$ 1,7 milhão para as ações do órgão em Rondônia.

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