Importações de petróleo ainda superam exportações

O Brasil continua registrando déficit na conta petróleo, apesar de o governo ter anunciado que o País alcançou a auto-suficiência no setor desde o final do ano passado. Na verdade, houve uma piora expressiva nos três primeiros meses do ano, com o déficit consolidado crescendo 120%, ao atingir US$ 907 milhões no período de janeiro a março. Nos três primeiros meses de 2006, o déficit somou US$ 412 milhões, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo a ANP, o País contabilizou importações no valor de US$ 4 089 bilhões no setor, ante exportações de US$ 3,182 bilhões no trimestre. No mês de março, isoladamente, as importações totalizaram US$ 1,553 bilhão ante exportações de US$ 1,224 bilhão, com déficit de US$ 329 milhões no mês. No total estão incluídos dados referentes ao óleo bruto, derivados e gás natural e já incorpora as mudanças nos dados estatísticos da ANP referentes às exportações. Desde novembro, a agência reguladora passou a considerar os derivados vendidos para aviões e navios que embarcam para o exterior como "exportação", ao contrário do que vinha ocorrendo até então, reduzindo o déficit. A série divulgada pela ANP foi refeita, considerando os novos critérios.

A piora nos resultados vem do aumento na compra do gás natural da Bolívia e ao fato de o petróleo brasileiro valer menos do que o óleo que o País importa. As compras de gás natural boliviano no primeiro trimestre custaram US$ 377 milhões, respondendo por cerca de 40% do déficit total no período. A diferença de preços entre o petróleo produzido no Brasil e o comprado no exterior está em torno de US$ 20 por barril. Segundo a ANP, o País pagou o equivalente a US$ 62,88 por barril na compra do óleo importado enquanto as vendas estão em torno de US$ 42,98 por barril. No caso dos derivados, há uma ligeira vantagem para o País, com os produtos brasileiros exportados ao preço médio de US$ 56,20 por barril no trimestre, enquanto as compras no exterior estão em torno de US$ 50,20 por barril.

Os dados da ANP mostram que o déficit no primeiro trimestre só ficou abaixo do registrado em 2005. Em 2001 o déficit no primeiro trimestre somou US$ 894 milhões, caindo para US$ 556 milhões em 2002 e para apenas US$ 257 milhões em 2003. Nos anos seguintes, com a forte alta da commodity no mercado internacional, o déficit só fez crescer, subindo para US$ 584 milhões em 2004, para US$ 1,060 bilhão em 2005, caindo para US$ 412 milhões em 2006 e voltando a subir para US$ 907 milhões este ano.

As importações de gás natural da Bolívia somaram US$ 130 milhões no mês de março, praticamente mantendo o mesmo ritmo observado na média do ano passado, quando o Brasil pagou o equivalente a US$ 1,559 bilhão ao país vizinho. Essas despesas foram aceleradas nos últimos anos não só pelo aumento do volume como também pelos maiores preços pagos ao combustível. Em março de 2002, por exemplo, as importações de gás natural somaram US$ 32 268 milhões, subindo para US$ 41,378 milhões em março de 2003, para US$ 63,602 milhões em março de 2004, US$ 73,718 milhões em março de 2005, US$ 125,921 milhões em março de 2006 e os US$ 130 664 milhões em março deste ano.

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