Ilha do Mel pode ficar sem dentistas

A saúde bucal dos moradores da Ilha do Mel está ameaçada. O alerta é do dentista Carlos Justo, que ao lado de sua esposa, a também dentista Karin Ermel, realiza um trabalho voluntário na ilha há três anos. Esse trabalho está paralisado, pois o casal não conseguiu junto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a autorização para aumentar em 25 metros quadrados sua área de trabalho. Eles ocupam um espaço de um dos restaurantes da ilha. O aluguel é pago pelo Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR) e a água, luz e alimentação é gentilmente fornecida pelo dono do estabelecimento. “Queremos fazer um puxadinho para colocar nosso material. O quarto que temos está completamente lotado. Tem uma cadeira de dentista que está exposta à chuva. Nós não temos nem como dormir, estamos dormindo no chão”, contou.

Justo disse que recebeu a promessa de uma visita à ilha do presidente do IAP, Rasca Rodrigues. “Ele disse que faria uma reunião para debater o nosso problema lá na ilha. Mas até agora nada”, contou o dentista, que no momento faz trabalho semelhante na Ilha do Teixeira, também pertencente ao município de Paranaguá.

Em mais de três anos na Ilha do Mel, os dois dentistas, que pertencem à organização não-governamental Bombinhas Ação Braços e Laços (Balb), já fizeram 1.086 diagnósticos, 1.156 exames de raio-X, 563 extrações de dentes, 2.979 restaurações, 220 tratamentos de canal, 457 tratamentos de gengiva e 123 dentaduras. Também foram distribuídas 3 mil escovas dentais e realizadas 2.040 escovações educativas. Todavia, a falta de recursos pode atrapalhar o trabalho. Segundo Karin Ermel, o coordenador bucal da Secretaria de Estado da Saúde, Cristian Alcântara, apóia o projeto. Mesmo assim, a secretaria se recusou a dar uma colaboração de R$ 1 mil mensais ao projeto. Esse recurso seria utilizado para o atendimento infantil e para próteses em idosos. “É um valor pequeno que poderia ser retirado inclusive do que é arrecadado nas visitas à ilha”, salientou, pedindo que o governo do Estado olhasse com mais carinho a situação. “Se fossemos avaliar quando foi produzido em três anos seria algo em torno de R$ 500 mil”, revelou.

Mesmo vivendo essa situação complicada, o casal fez questão de homenagear o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do projeto, Sylvio Gevaerd, falecido há duas semanas.

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