IGP-M encerra período de deflação e fecha em 0,60%

Rio (AE) – Após cinco deflações consecutivas, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) voltou a subir e registrou alta de 0,60% em outubro, ante queda de 0,53% em setembro. Aumentos de preços dos combustíveis e influência da febre aftosa elevando os preços das carnes bovinas deram fim ao processo de deflação do indicador, que acompanhou a variação de preços do dia 21 de setembro a 20 de outubro. Mas, para técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou hoje (27) o IGP-M, a alta na inflação é passageira e o próximo resultado do indicador, em novembro, deve ser menor do que o de outubro.

Mesmo com a elevação, o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, não descartou a possibilidade de o IGP-M de 2005 ser o menor da história, com taxa abaixo de 2%. A menor taxa anual do IGP-M atualmente é a de 1998 (1,78%) no ano. Até outubro, o indicador – que começou a ser apurado em 1989 – acumula taxas de 0,81% no ano e de 2,38% em 12 meses.

Mas o cenário de outubro foi mesmo de inflação alta. Os preços no atacado, de maior peso na formação no IGP-M, subiram 0 72% no mês, ante deflação de 0,76% em setembro. Metade dessa aceleração é originada da disparada dos preços de combustíveis e lubrificantes (7%). "Todos os combustíveis, administrados ou não derivados de petróleo ou não, estavam em fase de ascensão", disse o economista, explicando que agora a influência dos aumentos dos preços dos combustíveis será decrescente, nas próximas apurações do indicador, visto que esse impacto é sazonal. "É muito importante entender isso: essa taxa de 0,60% é um pico", disse.

Outro fator que contribuiu para elevar o indicador no mês foram as notícias de febre aftosa, que elevaram os preços das carnes bovinas no atacado e no varejo. Os preços dos bovinos no atacado subiram 3,98% em outubro, ante queda de 3,23% em setembro. "Isso não é entressafra, é reflexo dos focos de febre aftosa", afirmou Quadros.

De acordo com ele, está ocorrendo um "choque de oferta" de bovinos, nos quais os mercados atingidos pelos focos da doença são praticamente "eliminados", o que conduz à menor oferta do produto – e, por conseqüência, eleva os preços. Porém, Quadros acredita que essa situação de alta nos preços das carnes no atacado é momentânea e "a médio prazo vai reverter". Isso porque o mercado interno dá sinais de que vai regularizar a oferta em breve, visto que os focos da doença começam a ser combatidos.

No varejo, os preços ao consumidor subiram 0,42% em outubro, ante deflação de 0,17% em setembro. A alta em preços administrados e a deflação mais fraca nos preços dos alimentos (de -1,37% para -0,26%) levaram ao resultado. De acordo com o economista da FGV, André Braz, houve repasse, para o varejo, do aumento nos preços das carnes no atacado.

Os preços das carnes bovinas subiram 3,26%, ante queda de 0,51% em setembro. Entre os destaques de alta estão os avanços nos preços de alcatra (5,44%); acém (2,63%) e contrafilé (5,41%). Já os preços da construção civil passaram de 0,06% para 0,28% de setembro para outubro.

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