IGP-DI fecha em 0,13% e registra quinta deflação consecutiva

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), usado para reajustar a tarifa de telefone, caiu pela quinta vez consecutiva em setembro. O indicador ficou em -0,13%, ante -0,79% em agosto, informou, nesta quinta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O aumento nos preços dos combustíveis, além do menor impacto da influência benéfica da valorização cambial na inflação, levou à perda de fôlego da queda. Porém, mesmo com o recuo mais fraco de preços, os cinco meses de taxas negativas correspondem ao mais intenso período de deflação do indicador desde o lançamento do Plano Real, em 1994.

O IGP-DI acumula elevação de 0,19% no ano e de 2,08% em 12 meses. Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o indicador deve encerrar o ano com uma das taxas mais baixas da sua história. Porém, o economista afirmou que "pode ser difícil" uma sexta deflação consecutiva no próximo IGP-DI, referente a outubro.

"A deflação está realmente perdendo fôlego. A taxa já está em -0,13%, próxima de zero, e ainda não se captou todo o efeito de alta dos combustíveis", disse.

O aumento nos preços dos combustíveis e lubrificantes (4 42%) foi decisivo para a deflação mais fraca no atacado, cujos preços passaram de -1,04% para -0,28% de agosto a setembro. Quadros lembrou que houve reajustes nos preços de gasolina e diesel, anunciados pela Petrobras, e esses aumentos estão em vigor desde 10 de setembro.

"Das cinco altas mais fortes no atacado, quatro eram de combustíveis", disse, citando como exemplos os aumentos da gasolina (4,18%), querosene para motores (14,45%) e diesel (3,97%). "Além dos reajustes anunciados pela Petrobras, também tivemos um movimento de alta nos preços do álcool (3,05%)", afirmou.

A perda de influência da valorização do real ante o dólar na inflação – que durante meses puxou para baixo os preços de vários itens relacionados à moeda norte-americana – também pôde ser observada no atacado. O caso mais visível é a queda mais fraca de preços em materiais e componentes para a manufatura (de -1,19% para -0,11%) de agosto para setembro. "Realmente, não tem mais praticamente nenhum efeito do dólar", disse.

Para o economista, a continuidade da deflação pelo quinto mês consecutivo teve contribuição decisiva da queda dos preços dos agrícolas (-3,17%), principalmente das matérias-primas brutas (-2,23%). No varejo, os preços subiram 0 09%, ante queda de 0,44% em agosto. De acordo com o economista da FGV, André Braz, a aceleração foi causada basicamente por preços administrados.

Houve aumentos expressivos nos preços de taxa de água e esgoto residencial (5,29%); tarifa de eletricidade residencial (0,68%) e também gasolina (4,75%). "Se fossem excluídos esses três aumentos, os preços no varejo teriam caído 0,19% em setembro", disse Braz. Já os preços na construção civil passaram de 0,02% para 0,24% de agosto para setembro.

Núcleo

O núcleo da inflação do varejo, usado para medir tendências e que exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preços, subiu 0,29% em setembro, ante 0,07% em agosto. Embora o núcleo do mês passado tenha sido muito superior ao de agosto,Quadros observou que o resultado de setembro foi o segundo menor núcleo do ano. "Acho um patamar de núcleo confortável (o de setembro)."

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