IGP-DI caiu 0,40% em julho e registrou terceira deflação consecutiva

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), indexador usado para reajuste na tarifa de telefone, atingiu em julho a terceira deflação consecutiva e caiu 0,40%, ante queda de 0,45% em junho.

Segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o recuo inesperado, no atacado, de preços que deveriam estar subindo devido ao período de entressafra, como bovinos (-1,54%); e quedas nos preços de commodities importantes como café (-10,44%) e soja (-2,91%) asseguraram nova taxa negativa. Mas a perda de fôlego na influência benéfica da valorização cambial, e o aumento na conta de telefone no varejo, ajudou a diminuir a intensidade da deflação.

Uma nova queda no IGP-DI de agosto, "não está descartada", segundo avaliação do coordenador de Análises Econômicas da FGV Salomão Quadros. Segundo ele, mesmo em menor intensidade, ainda permanece o efeito benéfico da valorização cambial, que puxa para baixo os preços dos insumos industriais no atacado relacionados ao dólar.

Além disso, Quadros não eliminou a possibilidade de permanência na queda dos preços do café e do boi gordo. "Pode ser que a deflação demore um pouco mais para se esgotar", afirmou.

A analista Marcela Prada, da consultoria Tendências, tem a mesma posição de Quadros. "Além de ainda não se observar nenhum sinal de retomada dos preços agrícolas como reflexo do período de entressafra, a taxa de câmbio voltou a apreciar-se recentemente. Desse modo, torna-se mais provável que os IGPs apresentem nova deflação em agosto", disse.

O economista FGV admitiu que o IGP-DI de julho trouxe dois bons sinais para os rumos de política monetária. O IGP-DI acumula altas de 1,12% no ano e de 4,88% em 12 meses – essa última taxa foi a menor desde fevereiro de 1999. Para Quadros, esse cenário pode ajudar o início da trajetória de queda na taxa básica de juros (selic).

"Acho que isso é um fator sim. Mas só não sabemos dizer quando ele será efetivamente considerado", afirmou. Além disso, o núcleo da inflação do varejo em julho, que elimina as principais quedas e elevações da inflação do varejo, ficou em 0,30%, ante taxa de 0,42% em julho, o menor resultado desde outubro de 2000.

Ao comentar a inflação em julho, o técnico informou que o Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI), de maior peso na formação do IGP-DI, passou de -0,78% para -0,69% em julho. Com a despencada de preços de café, soja, e bovinos, os preços dos produtos agrícolas no atacado intensificaram processo de deflação (de -0,98% para -1,6%).

Mas o mesmo não ocorreu com os preços dos produtos industriais (de -0,71% para -0,38%), graças à perda de força, em julho, do efeito benéfico do câmbio.

No setor industrial, porém, uma das exceções de intensificação de recuo de preços foi a queda de 2,13% em julho nos preços de Ferro, Aço e Derivados no atacado, a mais intensa desde agosto de 1994. "O setor siderúrgico atualmente está com um grande nível de estoques, o que derruba os preços", afirmou ele.

No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI) subiu 0,13% em julho ante queda de 0,05% em junho, graças ao reajuste de telefonia fixa (4,25%). "O IPC-DI teria registrado deflação, não fosse o reajuste de telefone", disse o economista da FGV, André Braz.

A nova deflação no IGP-DI em julho, porém ajudará a diminuir o patamar de aumento na conta de telefone no ano que vem – o reajuste desse ano levou em consideração a taxa acumulada em 12 meses do indicador até maio de 2005. Já o Índice Nacional do Custo da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI) passou de 0,76% para 0,11% em julho.

Voltar ao topo