IBGE vai fornecer dados para cálculo de linha de pobreza

O IBGE vai passar a fornecer dados primários que possam ser utilizados para a confecção de um cálculo de linha de pobreza no Brasil. As estatísticas já são feitas pelo Instituto, mas não para esse fim.

Segundo o presidente do órgão, Eduardo Pereira Nunes, um grupo de trabalho integrado por técnicos do IBGE, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e também de outros órgãos, irão analisar os números a fim de chegar a um conceito único de linha de pobreza para todo o País.

Atualmente, o governo federal se utiliza apenas do critério renda. Mas, de acordo com Nunes, é preciso também avaliar questões como segurança alimentar e condições de domicílio.

Hoje, foi lançado no IBGE um compêndio com as melhores práticas mundiais de medição de pobreza. A publicação foi elaborada pelo Grupo do Rio, formado por 23 países. Especialistas trabalharam por dez anos para reunir os métodos mais eficientes de medir a pobreza. Esse tipo de estudo é considerado importante para que sejam desenvolvidas políticas públicas de superação do problema.

Ontem, técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) discordaram, em entrevista coletiva, do resultado do estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que afirmou que os aumentos do salário mínimo acima da inflação não reduzem a pobreza e a desigualdade social.

O estudo da FGV indicou que a renda apropriada pelo trabalho pelos 50% mais pobres subiu de 10,1%, em março de 2002, para 11 62%, em julho de 2004, e chegou a 12,20%, em julho de 2006. A maior redução da desigualdade aconteceu, segundo a FGV, em 2004, exatamente no ano em que o salário mínimo não recebeu aumento real.

"É mentira afirmar que a elevação do mínimo não afeta em nada a pobreza", desferiu o gerente de Análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. "Na média do total de salários pagos no País, certamente o reajuste do mínimo não terá nenhum impacto, mas, se tomarmos como base quem recebe até dois mínimos, a maioria absoluta da baixa renda brasileira, a política de aumento real do mínimo tem efeitos imensos", acrescentou.

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